sábado, maio 29, 2004

 

Do Febeapa, ou "Febeario"


E dá-lhe "Febeapa", que a cada dia que passa se caracteriza exclusivamente como "Febeario", ou "Festival de Besteiras que Assola o Rio de Janeiro". Sérgio Porto deve estar dando voltas no túmulo.
Como se não bastasse a quantidade de besteiras já ditas e feitas, o governo do Estado do Rio de Janeiro acaba de lançar mais uma.

A excelentíssima Rosinha, graças a uma lei criada quando seu marido era governador do Rio de Janeiro, confirmou a decisão de adotar o criacionismo na rede pública de ensino estadual, conforme matérias da Folha de São Paulo do dia 13/05, pág. A16. O assunto também foi matéria da revista Época e do OI desta semana.

Existem várias teorias que explicam a origem da vida. Várias. Entre elas, o criacionismo, baseada sobretudo no relato bíblico, que nos diz que o mundo e todos os seres que nele habitam foram criados por Deus. Uma outra teoria, o darwinismo ou teoria evolucionista, apenas para exemplificar, diz que o homem partilha de um tronco comum como os macacos, fruto da evolução das espécies. O autor é Charles Darwin, autor de A Origem das Espécies.
De acordo com cada religião, cada cultura, as teorias mudam. Como disse, existem outras, e não se trata aqui de defender esta ou aquela.

Se trata apenas de defender a liberdade de cada um em acreditar naquilo que lhe é mais verossímil, de acordo com suas crenças e valores individuais. Não é função do Estado doutrinar, catequizar ou evangelizar. A função do Estado é garantir ao cidadão uma vida digna, com segurança, saúde, emprego, moradia e educação. De qualidade.
Quando dou aulas, mostro aos alunos as diversas teorias que existem a respeito da criação do homem e do mundo. Cada um que acredite naquilo que lhe é mais conveniente, mesmo porque não tenho como provar quem está certo e quem está errado.
Mostrar as opções, os caminhos, sempre. Impor uma alternativa, nunca.

Sou católico, não praticante. Mas sempre achei que questões como religião ou concepção de mundo seriam questões individuais.
É uma decisão que vai refletir a fé de cada um, em que o indivíduo acredita, na sua concepção de mundo. Oficializar a religião, ou melhor, oficializar a "teoria criacionista" no ensino estadual me parece bastante complicado.
Além de ir contra definições pessoais, como dito acima, vai contra também a laicidade do Estado, garantida na constituição.
Só falta agora definir quem serão os nossos talibãs, se é que já não estão aí, na nossa cara.


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