quarta-feira, junho 30, 2004

 

Adolescentes e seus valores


Como todos sabem e vivo repetindo, sou Geógrafo e professor de Geografia... no último final de semana, corrigindo algumas provas e trabalhos, uma resposta de aluna da sétima série me chamou a atenção.
Tinha trabalhado com a turma um texto na sala de aula, na verdade uma reportagem sobre um acidente de carro, publicada na revista Educação de outubro de 1997. A reportagem se chama "Bonitos, Ricos e Malvados", e trata de uma briga envolvendo adolescentes ricos em São Paulo, onde um grupo, após avançar o sinal e bater em um carro, espanca o motorista do outro carro com tacos de beisebol. Tanto vítima quanto agressores eram adolescentes de classe média alta, segundo o perfil traçado pela revista.
Como a escola tinha sido arrombada a pouco tempo, casos de violência envolvendo adolescentes se multiplicam e Belo Horizonte, achei que o tema vinha a calhar. Uma das respostas da aluna era na verdade um protesto, dizendo que "todos falam mal dos adolescentes", que os adolescentes só "queriam viver em paz, e que pra ela tava "tudo jóia"...
Li novamente o texto sobre a reportagem uma, duas vezes... pensei em toda a nossa discussão dentro da sala de aula, do ponto de vista da maioria dos alunos...
Cheguei a ficar na dúvida se a aluna tinha lido realmente o texto... ainda acho que não leu...
Valorizar a violência como forma de resolver os conflitos, e mais, achar que pessoas que agridem outra quase até a morte com tacos de beisebol, quebrando seus ossos apenas por uma batida de trânsito onde eles é que estavam errados, não faz o menor sentido. Como não faz sentido o discurso de transformar todos os infratores em vítima, principalmente dependendo de sua condição social. Também não faz sentido discriminar alguém por causa de sua classe, cor, religião ou opção sexual. Nem valorizar alguém apenas orientado por estes critérios...
Tratar a violência como algo normal, dizendo que "tá tudo jóia" é um dos reflexos da crise que nossa sociedade atravessa... banalização da violência, falta de princípios morais, e por aí vai...
Fica muito difícil estar hoje em dia no condição de educador. Seja como pai, seja como professor. Eu, na qualidade de pai e professor, confesso que estou cada dia mais preocupado com os rumos que as coisas estão tomando.

A tempo, antes que digam que a justiça é apenas para os pobres: no caso da reportagem citada, dois jovens, menores de idade (inclusive o motorista) foram punidos e cumpriram pena em uma instituição própria para menores infratores. Após alguns meses, quando terminaram de cumprir a sentença, foram mandados pelos pais para estudar fora do país. Coitados. Os outros três ocupantes do carro e também agressores, maiores de idade, ainda estariam presos.
O rapaz agredido, depois de múltiplas fraturas pelo corpo, está obrigado a conviver com um coágulo no cérebro que, segundo a reportagem, pode matá-lo a qualquer momento...

sábado, junho 26, 2004

 

Susto em americanos


Publicado em O Dia, em 24 de Junho

Susto em americanos

Em palestra na Uerj, deputados são atacados com ovos e farinha por alunos. Seguranças e estudantes brigam

Aluizio Freire

Dois parlamentares americanos que participavam de debate sobre eleições nos Estados Unidos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ontem à tarde, levaram grande susto em protesto de alunos e integrantes do Diretório Acadêmico. Com microfone, um estudante incitou a manifestação, gritando palavras de ordem que amedrontaram os deputados. Os universitários jogaram ovos, água e farinha nos visitantes.

Estamos com dois reféns. Só vamos liberá-los se os Estados Unidos acabarem com o embargo a Cuba, perdoarem a dívida dos países pobres e retirarem as tropas do Iraque. Se não atenderem, vamos decapitar os dois em 24 horas”, disse o aluno, lembrando a ação do grupo Al-Qaeda, de Osama bin Laden, que degolou um sul-coreano no Iraque, terça-feira, para forçar a retirada das tropas aliadas.


Bom, quem quiser ler o resto é só clicar no link lá em cima. Paro por aqui. Seria ridículo se não fosse verdade. É a qualidade dos estudantes que entram em nossas universidades, que se tornam profissionais.
Não estou aqui defendendo lado nenhum. Tanto o sr. Bush quanto os loucos suicidas e degoladores fazem parte da mesma escória.
Não dá pra ficar defendendo ninguém.
O que me espanta mesmo é a fala acima. Além de banalizar toda a barbárie que está acontecendo no Iraque, é também um reflexo do rompimento dos traços éticos ou morais que porventura um dia tivemos.
Êta mundinho...


quinta-feira, junho 24, 2004

 

Ainda Lula


Do blog do Noblat hoje:

Lula sente-se em casa em Nova Iorque.
Tanto que manteve o hábito de chegar atrasado aos compromissos.
Deixou 400 empresários esperando por ele durante quase 30 minutos.
Deve ter causado uma ótima impressão.

Com certeza.

Aliás, falando no Lula, recebi uma mensagem do Roberto Santiago, um grande companheiro de jornada e agora, de profissão, comentando o último post intitulado "Brasil, EUA e Presidente Lula". Reproduzo apenas uma parte, muito interessante:

Não sei, essa história está me lembrando o livro "A Revolução dos Bichos", quando os animais de uma fazenda se revoltam contra os homens e assim que tomam o poder só fazem repetir o que os seus donos faziam, ou seja, privilégios, negociatas, corrupção, crimes, violência contra os outros animais.
Agora estão todos se refastelando da conquista e dos prazeres que ela proporciona.

Como diria o Zocrato, "pertinente". É isso mesmo. Para aqueles que não conhecem, o autor do livro é George Orwell, e o livro trata justamente do que o Roberto disse: "O sonho de um velho porco de criar uma granja governada por animais, sem a exploração dos homens, concretiza-se com uma revolução. Como acontecem com as revoluções, a dos bichos também está fadada à tirania, com a ascensão de uma nova casta ao poder".

Todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais que os outros.

quarta-feira, junho 23, 2004

 

Cinema Underground em BH


Com a colaboração do Djalma, detalhes sobre evento que ocorre na capital mineira a partir do dia 1 de Julho. Vale a pena conferir:

Hoje Em Dia. Cultura. Belo Horizonte, MG, Brasil, Sábado 19/06/2004


BH vira capital do cinema underground


Alécio Cunha
REPÓRTER

Desta segunda-feira até 1º de julho, Belo Horizonte se transforma na capital do cinema underground. Palestras, debates e exibições de curtas e longas-metragens, muitos deles raros ou inéditos, todos com entrada franca, poderão ser vistos no Centro de Cultura Belo Horizonte, Museu Histórico Abílio Barreto, Cine Humberto Mauro, Centro Cultural UFMG, Galpão Cine Horto, Liceu de Artes JK do Sesc e Cinemas Unibanco Belas Artes.

CINEMA MARGINAL
Programação da 1ª semana do seminário

MESAS-REDONDAS _ No CCBH (Rua da Bahia, 1149)
Segunda _ 19 horas _ "Anatomia de uma Origem", com Patrícia Moran, Gerlado Veloso e Fábio Leite, do HOJE EM DIA.
Segunda - 20h30 _ "Encontro com Sylvio Lanna", com Ataídes Braga.
Terça - 19 horas - "Cinema Novo X Cinema Marginal", com Fábio Carvalho, José Sette de Barros e Ataídes Braga.
Terça - 20h30 - "Interpretação Como Ato Político", com Helena Ignez, Isabel Lacerda e Márcia Mendonça
Quarta _ 19 horas _ "A Chance do Cinema de Autor", com Ozualdo Candeias e Alécio Cunha, do HOJE EM DIA
Quinta - 19 horas - "Politização da Estética, Estetização da Política", com Andrea Tonacci, Tiago Mata Machado e Pablo Pires.
Sexta - 19 horas - "Possibilidades de Diálogo Entre o Cinema Marginal e a Produção Atual", com Neville D'Almeida, Pedro Olivotto e Guará Rodrigues

EXIBIÇÕES DE FILMES

No CCBH (Rua da Bahia, 1149)
Terça- 22h30 - "A Mulher de Todos", de Rogério Sganzerla
Quarta- 22h30 - "O Profeta da Fome", de Maurice Capovilla
Quinta- 21 horas - "Bang Bang", de Andrea Tonacci
Sexta - 21 horas - "Interprete Mais, Ganhe Mais", de Andrea Tonacci

No Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3613. Horto)
Quarta _ 19h30 _ "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla
Quinta - 19h30 - "Copacabana Mon Amour", de Rogério Sganzerla
Sexta - 19h30 - "O Rei do Baralho", de Julio Bressane

No Liceu JK do Sesc (Rua dos Caetés, 603)
Terça - 15 horas - "O Estranho Mundo do Zé do Caixão", de José Mojica Marins
Quarta - 15 horas - "Á Meia Noite Levarei Sua Alma", de José Mojica Marins
Quinta - 15 horas - "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver", de José Mojica Marins

No Centro Cultural UFMG (Avenida Santos Dumont, 174)
Sexta - 17 horas - "O Vigilante", de Ozualdo Candeias
Sexta _ 19 horas - "A Oopção ou As Rosas da Entrada", de Ozualdo Candeias
Sexta - 21 horas - "A Margem", de Ozualdo Candeias
Sábado - 17 horas - "Meu Nome é Tonho", de Ozualdo Candeias
Sábado - 19 horas - "A Herança", de Ozualdo Candeias
Sábado - 21 horas - "Manelão, o Caçador de Orelhas", de Ozualdo Candeias

No Museu Histórico Abílio Barreto (Avenida Prudente de Morais, 202. Cidade Jardim)
Terça- 19 horas - "Mariana, Paraná e Greve", "Mangue x Metrô", de Aron Feldman
Quarta - 19 horas - "Finito ou Infinito" e "Vou Ser Ladrão", de Aron Feldman
Quinta- 19 horas - "O Mundo de Anônimo Jr", de Aron Feldman
Sexta - 19 horas - "Odisséia de um Cadáver", "O Pacote" e "Casqueiro", de Aron Feldman
Sexta - 21 horas - "Maksuara-Crepúsculo dos Deuses", de Neville D'Almeida

terça-feira, junho 22, 2004

 

Brasil, EUA e Presidente Lula


Os EUA não são um país sério. Isso todo mundo sabe. Al Gore perdeu a eleição para George Bush justamente no estado da Flórida, governado pelo irmão de Bush. Sem contar que o sistema eleitoral deles é uma confusão danada.
Todo aquele discurso sobre democracia, direitos individuais, e o que vemos são as torturas praticadas por americanos em prisões do Iraque contra prisioneiros iraquianos. Toda aquela conversa de liberalismo, livre-concorrência... escorado em milhões de subsídios, em tarifas alfandegárias absurdas, em falsas barreiras sanitárias.
Definitivamente, não são um país sério. Mas têm o mais bem equipado exército do mundo, mísseis, jatos e helicópteros de última geração, bomba atômica. São a maior economia do mundo. Então, temos que levá-los a sério...
Já o Brasil, não tem um poder militar que lhe permita ações unilaterais, nem poder econômico que lhe permitam falar grosso perante outros países da Terra. Mas somos um país sério. Ou não?
Tenho minhas dúvidas.
Ainda mais depois das fotos que vi estampadas nos jornais do país. Lula e Marisa fantasiados, vestidos a caráter numa festa junina promovida pelo casal na Granja do Torto. Deprimente. Com certeza, não é o tipo de postura que se espera de um Presidente da República. Pelo menos, não foi pra isso que votei nele.
Enquanto o Presidente dança quadrilha e toma quentão com seus ministros, a violência, o desemprego e nossas outras eternas mazelas nos esperam em cada esquina.
E o mundo olhando nosso Presidente, pintado e ornamentado na sua festa junina, esquecido dos problemas do povo.

sexta-feira, junho 18, 2004

 

Eu sou o palhaço


Acabo de receber do meu amigo Roberto Santiago um texto que faz a gente parar e refletir um bocado. Quantos de nós, professores, já não pensamos algo parecido?... Sim, qualquer profissional imagino que possa passar por um destes momentos de incerteza e falta de fé na sua profissão. Isso me parece ainda mais preocupante quando se trata da Educação. Moral e Ética estão na moda, são temas muito falados. Mas pouco praticados. Uma certa apatia, uma anomia inquietante faz valores como honestidade e solidariedade parecerem ridículos. O que ensinar? Como ensinar?
Por sua vez, os jovens se apegam a modelos de comportamento que não são os mais recomendáveis; vivem num mundo de imagem, superficial, onde o senso comum é "levar vantagem".
O último a sair não apague as luzes, mesmo porque não há luz nenhuma a ser apagada. Sem luz, sem fim do túnel, sem fundo do poço...


A LEI DE ZECA PAGODINHO
Nailor Marques *

Diz uma história que numa cidade apareceu um circo, e que entre seus
artistas havia um palhaço com o poder de divertir, sem medida, todas as
pessoas da platéia e o riso era tão bom, tão profundo e natural que se
tornou terapêutico. Todos os que padeciam de tristezas agudas ou
crônicas eram indicados pelo médico do lugar para que assistissem ao tal
artista que possuía o dom de eliminar angústias.
Um dia porém um morador desconhecido, tomado de profunda depressão,
procurou o doutor. O médico então, sem relutar, indicou o circo como o
lugar de cura de todos os males daquela natureza, de abrandamento de
todas as dores da alma, de iluminação de todos os cantos escuros do
nosso jeito perdido de ser. O homem nada disse, levantou-se, caminhou em
direção à porta e quando já estava saindo, virou-se, olhou o médico nos
olhos e sentenciou: "não posso procurar o circo... aí está o
meu problema: eu sou o palhaço".
Como professor vejo que, às vezes, sou esse palhaço, alguém que
trabalhou para construir os outros e não vê resultado muito claro daquilo
que faz. Tenho a impressão que ensino no vazio (e sei que não estou só
nesse sentimento) porque depois de formados meus ex-alunos parecem que se
acostumam rapidamente com aquele mundo de iniqüidades que combatíamos
juntos. Parece que quando meus meninos(as) caem no mercado de trabalho
a única coisa que importa é quanto cada um vai lucrar, não importando quem
vai pagar essa conta e nem se alguém vai ser lesado nesse processo.
Aprenderam rindo, mas não querem passar o riso à frente e nem se comovem
com o choro alheio.
Digo isso, até em tom de desabafo, porque vejo que cada dia mais meus
alunos se gabam de desonestidades. Os que passam os outros para trás são
heróis e os que protestam são otários, idiotas ou excluídos, é uma total
inversão dos valores. Vejo que alguns professores partilham das mesmas
idéias e as defendem em sala de aula e na sala de professores e se
vangloriam disso. Essa idéia vem me assustando cada vez mais, desde que
repreendi, numa conversa com alunos, o comportamento do cantor Zeca
Pagodinho, no episódio da guerra das cervejas e quase todos disseram que o
cantor estava certo, tontos foram os que confiaram nele.
"O importante professor é que o cara embolsou milhões", disse-me um;
outro: "daqui a pouco ninguém lembra mais, no Brasil é assim, e ele vai
continuar sendo o Zeca, só que um pouco mais rico", todos se
entreolharam e riram, só eu, bobo que sou, fiquei sem graça.
O pior é quando a gente se dá conta que no Brasil é assim mesmo, o que vale
é a lei de Gérson:
"o importante é levar vantagem em tudo". ( Lei de Gerson...dá para rir...)
A pergunta é: É possível, pela lógica, que todo mundo ganhe ? Para alguém
ganhar é óbvio que alguém tem de perder.
A lógica é guardar o troco a mais recebido no caixa do supermercado; é
enrolar a aula fingindo que a matéria está sendo dada; é fingir que a
apostila está aberta na matéria dada, mas usá-la como apoio enquanto se
joga forca, batalha naval ou jogo da velha; é cortar a fila do cinema ou
da entrada do show; é dizer que leu o livro, quando ficou só no resumo
ou na conversa com quem leu; é marcar só o gabarito na prova em branco,
copiado do vizinho, alegando que fez as contas de cabeça; é comprar na feira
uma dúzia de quinze laranjas; é bater num carro parado e sair rápido antes que
alguém perceba; é brigar para baixar o preço mínimo das refeições nos
restaurantes universitários, para sobrar mais dinheiro para a cerveja da
tarde; é arrancar as páginas ou escrever nos livros das bibliotecas públicas;
é arrancar placas de trânsito e colocá-las de enfeite no quarto;
é trocar o voto por empregos, pares de sapato ou cestas básicas;
é fraudar propaganda política mostrando realizações que nunca foram feitas.
É a lógica da perpetuação da burrice. Quando um país perde, todo
mundo perde. E não adianta pensar que logo bateremos no fundo do poço,
porque o poço não tem fundo.
Parafraseando Schopenhauer: "Não há nada tão desgraçado na vida da gente
que ainda não possa ficar pior".
Se os desonestos brasileiros voassem, nós nunca veríamos o sol.
Felizmente há os descontentes, os lutadores, os sonhadores, os que
querem manter o sol aceso, brilhando e no alto.
A luz é e sempre foi a metáfora da inteligência. No entanto, de nada
adianta o conhecimento sem o caráter. Que nas escolas seja tão
importante ensinar Literatura, Matemática ou História
quanto decência, senso de coletividade, coleguismo e
respeito por si e pelos outros. Acho que o mundo (e, sobretudo, o
Brasil) precisa mais de gente honesta do que de literatos, historiadores
ou matemáticos. Ou o Brasil encontra e defende esses valores e
abomina Zecas, Gérsons, Dirceus, Dudas e todos os marketeiros que
chamam desonestidades flagrantes, de espertezas técnicas, ou o Brasil
passa de país do futuro para país do só furo.
De um Presidente da República espera-se mais do que choro e
condecoração a garis honestos, espera-se honestidade em forma de trabalho e
transparência.
De professores, espera-se mais que discurso de bons modos, espera-se que
mereçam o salário que ganham (pouco ou muito) agindo como quem é
honesto. A honestidade não precisa de propaganda, nem de homenagens,
precisa de exemplos. Quem plantar joio, jamais colherá trigo.
Quando reflexões assim são feitas cada um de nós se sente o palhaço
perdido no palco das ilusões. A gente se sente vendendo o que não pode
viver, não porque não mereça, mas porque não há ambiente para isso.
Quando seria de se esperar uma vaia coletiva pelo tombo, pelo golpe dado na
decência, na coerência, na credibilidade, no senso de respeito, vemos
a população em coro delirante gritando "bis" e, como todos sabemos, um
bis não se despreza. Então, uma pirueta, duas piruetas, bravo ! bravo ! E
vamos todos rindo e afinando o coro do "se eu livrar a minha cara o
resto que se dane". Enquanto isso o Brasil de irmã Dulce, de Manuel
Bandeira, do Betinho, de Clarice Lispector, de Chiquinha Gonzaga e de
muitos outros heróis anônimos que diminuíram a dor desse país com a sua
obra, levanta-se, caminha em silêncio até a porta, vira-se e diz: "Esse é
o problema... eu sou o palhaço".

*Professor de literatura das Faculdades Nobel no estado do Paraná


quinta-feira, junho 17, 2004

 

Negócios da China


Na viagem realizada recentemente à China, Lula se disse "consciente" que os Direitos Humanos faziam parte da Constituição chinesa. Não foi mais uma metáfora. Ou foi? Se bem que "fazer parte" da Constituição não significa que na prática tal coisa aconteça. Que o diga a nossa Constituição.
No encontro, o governo chinês agradeceu ao Brasil, por ter ajudado a bloquear uma resolução que condenaria a China na comissão de Direitos Humanos da ONU. A China aproveitou e pediu para ser reconhecida pelo Brasil como uma "economia de mercado", o que facilitaria seu desempenho na OMC; a tendência é o Brasil reconhecer isso em alguns setores, segundo o Ministro Celso Amorim. O Brasil também reafirmou sua posição de apoio a "uma só China". Que beleza.

Pau que dá em Chico nem sempre dá em Francisco. Além de não apoiar abertamente o Brasil na disputa por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, o governo chinês usou um discurso de fortalecer as relações estabelecidas nos últimos anos.

Tá bom. Só esqueceram de dizer em favor de quem que vai ser esse fortalecimento nas relações entre os dois países...

quarta-feira, junho 16, 2004

 

Outra do "Reino das Metáforas"


Como se já não bastasse todas as besteiras anteriores, a mais nova do nosso Presidente é de causar realmente espanto: Lula sugeriu, na reunião da UNCTAD, um imposto sobre a venda de armas que seria revertido para o combate à fome.

Faz certo sentido, se pararmos para pensar que a indústria bélica lucra milhões com o comércio de armas no mundo. Certo. No seu discurso, Lula usa argumentos econômicos e éticos.

Mas até que ponto é ético combater a fome no mundo às custas de mais venda de armas? Com tanta arma vendida, quem vai sobrar para que tenha saciada sua fome? O que isso tem de ético? Vamos vender mais armas, porque assim acabamos com a fome no mundo?... Perigoso...

Além do mais, e o comércio ilegal de armas?...

 

Matéria sobre Educação no Fantástico


Muito estranha aquela matéria sobre a situação da educação no Brasil, veiculada pelo programa "Fantástico", no último domingo. Não que a situação da educação em nosso país seja o oposto do que foi mostrado. Mas no município de Campo Grande, apontado como uma das piores educações do país, o impacto da reportagem deu o que falar. E não apenas pelos resultados negativos obtidos, e sim pela dúvida no que diz respeito à seriedade da pesquisa.

A Prefeitura Municipal de Campo Grande contesta os dados apresentados. Realmente fica muito difícil avaliar a educação baseado apenas numa pesquisa com 10 crianças por município, fato que a Globo esqueceu de divulgar. Qualquer leigo percebe que não tem nenhum fundamento científico tal amostragem. Sem falar dos critérios da pesquisa, que também não foram divulgados.

A situação da Educação no Brasil é caótica, verdade. Mas ao invés de contribuir para o debate, a Globo só fez empobrecer a discussão.

 

Formas de Capitalismo


Achei essa pérola na internet, mais precisamente no site do Gurnz:

CAPITALISMO IDEAL: Você tem duas vacas. Vende uma e compra um touro. Eles se multiplicam, e a economia cresce. Você vende o rebanho e aposenta-se, rico!

CAPITALISMO AMERICANO: Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre.

CAPITALISMO FRANCÊS: Você tem duas vacas. Entra em greve porque quer três.

CAPITALISMO CANADENSE: Você tem duas vacas. Usa o modelo do capitalismo americano. As vacas morrem. Você acusa o protecionismo brasileiro e adota medidas protecionistas para ter as três vacas do capitalismo francês.

CAPITALISMO JAPONÊS: Você tem duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e os vende para o mundo inteiro.

CAPITALISMO ITALIANO: Você tem duas vacas. Uma delas é sua mãe, a outra é sua sogra, maledetto!!!

CAPITALISMO ENRON: Você tem duas vacas. Vende três para a sua companhia de capital aberto usando garantias de crédito emitidas por seu cunhado. Depois faz uma troca de dívidas por ações por meio de uma oferta geral associada, de forma que você consegue todas as quatro vacas de volta, com isenção fiscal para cinco vacas. Os direitos do leite das seis vacas são transferidos para uma companhia das Ilhas Cayman, da qual o sócio majoritário é secretamente o dono. Ele vende os direitos das sete vacas novamente para a sua companhia. O relatório anual diz que a companhia possui oito vacas, com uma opção para mais uma. Você vende uma vaca para comprar um novo presidente dos Estados Unidos e fica com nove vacas. Ninguém fornece balanço das operações e público
compra o seu esterco.

CAPITALISMO BRITÂNICO: Você tem duas vacas. As duas são loucas.

CAPITALISMO HOLANDÊS: Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, não gostam de touros e tudo bem.

CAPITALISMO ALEMÃO: Você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente,segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos.

CAPITALISMO RUSSO: Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco.Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você para de contar e abre outra garrafa de vodca.

CAPITALISMO SUIÇO: Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar a vaca dos outros.

CAPITALISMO ESPANHOL: Você tem muito orgulho de ter duas vacas.

CAPITALISMO PORTUGUÊS: Você tem duas vacas. E reclama porque seu rebanho não cresce...

CAPITALISMO CHINÊS: Você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas. Você se gaba de ter pleno emprego e alta produtividade. E prende o ativista que divulgou os números.

CAPITALISMO HINDU: Você tem duas vacas. Ai de quem tocar nelas.

CAPITALISMO ARGENTINO: Você tem duas vacas. Você se esforça para ensinar as vacas mugirem em inglês. As vacas morrem. Você entrega a carne delas para o churrasco de fim de ano do FMI.

CAPITALISMO BRASILEIRO: Você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria a CCPV- Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca. Um fiscal vem e te autua, porque embora você tenha recolhido corretamente CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presumia que você tivesse 200 vacas e para se livrar da encrenca, você dá a vaca restante para o fiscal deixar por isso mesmo...

terça-feira, junho 15, 2004

 

Concurso do IPEA


O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Caixa Econômica Federal promovem um concurso de monografias, dividido em duas categorias:
- estudantes de graduação
- demais profissionais


Cada candidato poderá concorrer em apenas uma categoria e apresentar apenas 1 (uma) monografia sobre 1 (um) dos temas abaixo:


TEMA 1. A Superação das Desigualdades no Brasil
  Pobreza e Desigualdade de Renda

  Pobreza e Mercado de Trabalho

  Desigualdades Regionais

  Desigualdades no Acesso à Terra

  Desigualdades Raciais e de Gênero


TEMA 2. Os Desafios das Políticas Sociais no Brasil
  O Financiamento da Política Social

  A Participação Social nas Políticas Públicas

  O Desafio da Educação

  A Divisão Federativa de Atribuições nas Políticas Sociais


TEMA 3. O Desafio do Crescimento Econômico no Brasil
  As Limitações ao Crescimento Econômico no Curto e no Longo Prazo

  Formação de Poupança: Aspectos Conjunturais e Estruturais

  Inovação Tecnológica e Produtividade Total dos Fatores

  Financiamento de Longo Prazo para o Desenvolvimento

  A Função Investimento

  A Decisão de Investir e a Agenda Microeconômica

  Educação e Crescimento Econômico

  Gestão Metropolitana


Quem se interessar, consulte o site do Ministério da Fazenda

segunda-feira, junho 14, 2004

 

Da violência, pit-boys e outros machões


Muitos dizem por aí que vivemos numa época de banalização da violência. A violência nos chega a todo instante, nas manchetes dos jornais e telejornais, no centro da cidade, no nosso bairro, numa guerra distante. Adoradores das imagens, elas nos chegam abarrotadas de sangue, cadáveres, balas, morte. Por isso, dizem, e pelo sentimento de impunidade, a violência aumenta a cada dia.

Meio simplista pensar dessa maneira. Vários são os fatores que fazem os índices de violência disparar. A pobreza, a inveja, a ganância, a desigualdade, o desemprego, a impunidade... nenhum deles justifica nada, claro. Mas juntos, contribuem para que possamos compreender melhor as coisas.

Particularmente, discordo quando falam da banalização da violência. É muito pior. Vivemos um verdadeiro culto à violência. Assim como nossas crianças são erotizadas o mais precocemente possível, também são instigadas desde cedo a agir com violência para resolver seus problemas. Basta ver a quantidade de jovens hoje em dia viciados em "games" onde a violência é o fator principal do jogo. Tiros, sangue, morte. Sem dor.

Nosso futebol é violento. Tenho um grande amigo, talvez o maior deles, que diz que "futebol é um jogo onde prevalece o contato físico". Baseado nisso, distribui pontapés e cotoveladas quando está jogando...

Não existe argumento pra defender a violência. Vejam o caso dos pit-boys...
Você já sabe quem são. Marombados, alguns praticam artes marciais como o Jiu-Jitsu; normalmente possuem cérebro de galinha, quando possuem alguma coisa digna desse nome. Se comportam como marginais, e realmente o são... saem para a noite, frequentam barzinhos e boates com o objetivo de quebrar o maior número de caras que for possível... O único argumento que conhecem é a força dos músculos, mesmo porque não possuem nenhum outro recurso.
Como são incapazes de estabelecer um diálogo de 10 minutos que não fale de anabolizantes, carros e outras idiotices, dão seu recado "no braço". Incapazes de escutar um não como resposta, incapazes de lidarem com suas frustrações. Bebezinhos mimados por papai e mamãe. Mostram para as mulheres que são os tais, os fortes. Pior que tem mulher que gosta. São mais idiotas ainda.

Toda essa violência gratuita tem como essência a covardia. Sim. Olhem: o cara que rouba, assalta, mata... é um covarde. Precisa de uma arma para intimidar, para se fazer forte, para ter poder, para te matar... sem a arma, corre o risco de levar uns tabefes na primeira investida. O cara que "quebra" o outro no futebol, quase sempre faz pelas costas, ou quando o outro está distraído. O pit-boy, normalmente age em bandos, pra se garantir. Afinal, um machão como ele não pode correr o risco de se dar mal. Quando não está em bando, escolhe um opositor visivelmente mais fraco ou despreparado. Ou ainda, atinge a sua vítima covardemente, sem aviso. As gangues do futebol, os "pivetes", a polícia e todos aqueles que partem para a violência generalizada agem impulsionados pela covardia.

Não são brigões, ou machões, ou autoridades, ou assassinos, ou apenas idiotas. São, antes de qualquer coisa, covardes.

sábado, junho 12, 2004

 

Minas Enigma

Andava meio sem tempo de postar nos dois últimos dias, devido a uns trabalhos da faculdade. 
Mas deixo pra vocês uma historinha bem mineira. Afinal, é fim de semana...

Fernando Sabino

Se sou mineiro? Bem, é conforme, dona. (Sei lá por que ela está perguntando?) Sou de Belzonte, uai.

Tudo é conforme. Basta nascer em Minas para ser mineiro? Que diabo é ser mineiro, afinal? Inglês misturado com oriental? É fumar cigarro de palha, como o poeta Emílio, de Dores do Indaiá? Autran fuma cachimbo. Tem até quem fume cigarro americano. (No bairro do Calafate havia uma fábrica de "Camel".) Em suma: ser mineiro é esperar pela cor da fumaça. É dormir no chão para não cair da cama. É plantar verde pra colher maduro. É não meter a mão em cumbuca. Não dar passo maior que as pernas. Não amarrar cachorro com lingüiça.

Porque mineiro não prega prego sem estopa. Mineiro não dá ponto sem nó. Mineiro não perde trem.

Mas compra bonde.

Compra. E vende pra paulista.

Evém mineiro. Ele não olha: espia. Não presta atenção: vigia só. Não conversa: confabula. Não combina: conspira. Não se vinga: espera. Faz parte do decálogo, que alguém já elaborou. E não enlouquece: piora. Ou declara, conforme manda a delicadeza. No mais, é confiar desconfiando. Dois é bom, três é comício. Devagar que eu tenho pressa.

Apólogo mineiro: o boi velho e o boi jovem, no alto do morro — lá embaixo uma porção de vacas pastando. O boizinho, incontido:

— Vamos descer correndo, correndo e pegar umas dez?

E o boizão, tranqüilamente:

— Não: vamos descer devagar, e pegar todas.

Mais vale um pássaro na mão. A Academia Mineira, há tempos, pagava um jeton ridículo: duzentos cruzeiros — antigos, é lógico. Um dos imortais, indignado, discursava o seu protesto:

— Precisamos dar um jeito nisso! Duzentos cruzeiros é uma vergonha! Ou quinhentos cruzeiros, ou nada!

Ao que um colega prudentemente aparteou:

— Pera lá: ou quinhentos cruzeiros, ou duzentos mesmo.



quarta-feira, junho 09, 2004

 

Mar de Aral, Mar Morto e tragédias ambientais


Uma tragédia ambiental ocorreu com o Mar de Aral. O Mar de Aral é um lago de água salgada, situado entre as fronteiras do Cazaquistão e do Usbequistão. O que já foi um dos maiores lagos do mundo, hoje em dia está quase seco. Alimentado por dois rios principais, o Syr Darya e Amu Darya, a tragédia ambiental que ali ocorreu é praticamente irreversível. Durante anos, a partir da décadad e 30, a água de seus principais rios foi desviada para plantações de algodão no Usbequistão, Casaquistão e Turcomenistão. Praticamente no meio do deserto, com solos arenosos, a União Soviética conseguiu produzir algodão e trigo em grande escala. Era o sonho da auto-suficiência soviética.

Os prejuízos foram enormes. Com praticamente toda a água dos rios desviada para as plantações de algodão ou deperdiçada em sistemas de irrigação, o Mar de Aral começou a encolher. A gradativa redução do Mar de Aral deixou um rastro de destruição. A medida que o Mar recuava, uma terra seca, salgada e contaminada ficava a mostra. A lama pastosa era extremamente tóxica, sobretudo devido à imensa quantidade de pesticida utilizada pelos soviéticos nas plantações de algodão. Ventos espalhavam uma poeira tóxica na região, e os moradores adoeciam com problemas respiratórios, de pele e vários tipos de câncer.

O Mar de Aral funcionava com um grande ar-condicionado, regulando o clima da região. No verão, amenizava as temperaturas e garantia a umidade; no inverno, servia como uma barreira amortecedora contra as fortíssimas tempestades que ali chegavam. Sem a presença deste regulador climático, as mudanças no clima foram extremamente acentuadas.

Se nada for feito, pode acontecer a mesma coisa com o Mar Morto. O nível do Mar vem diminuindo cerca de um metro por ano, resultado do desvio das águas de seu maior afluente, o rio Jordão. O rio é a única fonte expressiva de água para Cisjordânia, Israel e Palestina, e o comprometimento de suas águas em projetos de irrigação e abastecimento por estes países vêm causando todo este estrago.

Antes que, a exemplo do ocorrido na região do Mar de Aral, aconteçam grandes mudanças e impactos climáticos, alguma coisa deve ser feita. Se não me engano o Banco Mundial vai financiar (mais de 3 bilhões de dólares) um projeto de construção de canais para bombear água do Mar Vermelho para o Mar Morto.

Condição para o financiamento do projeto: que israelenses e palestinos se entendam.

Pelo andar da carruagem, um novo "Mar de Aral" está se formando por aí...

terça-feira, junho 08, 2004

 

Os imbecis


De tanto o Djalma falar, acho que estou ficando mesmo meio maniqueísta. Estou quase certo que o mundo está mesmo dividido entre os imbecis e os não-imbecis.

Sábado, estava voltando de um pré-vestibular comunitário onde dou aulas. Por volta das 18:00, quando o ônibus passava em uma vila próxima à minha casa, vi uma cena no mínimo surrealista. Vindo pela rua, calmamente, três "pessoas". Só me dei conta de que eram três imbecis, quando chegaram um pouco mais perto do ônibus. O imbecil da frente estava com alguma coisa na mão, que não consegui ver direito. O segundo imbecil, cara de poucos amigos, desfilava com um revólver calibre 38. Finalmente, o terceiro imbecil se aproxima do ônibus. Trazia uma escopeta. Nem preciso dizer o tamanho do susto. Achei que iam fuzilar o ônibus e todos que estava dentro dele. Pouco depois, quando chego em casa, começo a escutar o tiroteio. Estavam acertando as contas com uma gangue rival.

Sei. Daqui a pouco alguém vai aparecer por aqui e dizer que são pobres coitados... excluídos pelo sistema... vítimas da má-distribuição de renda... entre outras barbaridades. Fico imaginando se toda a população excluída, sem emprego, pobre, resolvesse sair por aí desfilando com uma escopeta na mão.
Ou então vai entrar um daqueles filósofos de beira de estrada e dizer as sábias e imortais palavras: "ao invés de ficar criticando, faça a sua parte"... como se eu passasse a vida inteira sentado aqui e reclamando da vida.

Enquanto isso acontecia lá no bairro, nossa Polícia Militar estava em greve. Reivindicando um aumento salarial de 54%. Sem querer entrar no mérito da questão, mas acho até que eles realmente merecem. Mas o fato de merecerem não dá a eles o direito de fazer uma greve tão covarde.

Na manhã de sexta-feira, início da paralisação, apenas no hipercentro de Belo Horizonte foram registradas 170 ocorrências, segundo o jornal Estado de Minas. E a PM de greve.

 

Reino das Metáforas e Febeapa


O silêncio no "Reino das Metáforas" foi finalmente quebrado. O Lula andou reclamando da lentidão do governo. Socorro!
Quem é o governo, cara-pálida?
Andou dizendo também que iria acompanhar mais de perto questões relativas ao uso do dinheiro do orçamento. O que ele estava esperando?

Enquanto isso, nosso "Febeapa", ou "Febeario", faz um minuto de silêncio. Será em homenagem aos mortos na última rebelião, ou apenas nossa dupla dinâmica não tem mais o que dizer mesmo?

 

Geógrafos sem Fronteiras


Muitos me perguntam o porquê do nome do Blog. Geógrafos sem Fronteiras.

São vários os motivos. Primeiro, porque pretendo aqui eliminar a falsa dicotomia existente entre Geografia física e Geografia humana. Bobagem. Para mim, é tudo Geografia. Mas sempre aparecem alguns defendendo um lado ou outro, por questões de conveniência. Aqui isso não existe. Pretendo falar de Geografia, dos seus vários caminhos.

Outra coisa é que não quero falar aqui apenas de Geografia regional ou Geografia do Brasil. Veremos aqui o pontual, o global e a complexidade de seus efeitos.

Como podem ver, sem fronteiras.

Aliás, sem perder de vista a Geografia, o Blog é pra falar de tudo o que der vontade.

domingo, junho 06, 2004

 

Carinho


No ICQ:

Carlos (0:55 AM) :
rs....o que é uma festa maluca???

fafá (0:55 AM) :
sei lá, uma festa estranha que elas arrumaram aí.... ô carlos, vc tá fazendo perguntas muito semelhantes às que meus pais fazem.... acho que vc tá ficando velho


Tive que parar para pensar nisso... ficando velho... O que é ficar velho?... Tenho 31 anos...
Mas entendi o que ela quis dizer, claro...
Minhas madrugadas por aqui até que são boas... digo isso por causa das companhias que tenho. É bom ter alguém que fale sobre qualquer coisa com você. Que puxe a sua orelha quando você precisa. Que se preocupa em saber como vai a sua vida. Que te faz sorrir. Que te mostra uma música do Eduardo Dusek que você já conhecia, e faz ela ganhar um novo significado. E que te chame de velho, sem te ofender...

sábado, junho 05, 2004

 

Exército nas ruas em Minas Gerais


Conforme notícia veiculada pelo jornal Estado de Minas de ontem, 04/06/2004, o Governo Federal autorizou o uso das Forças Armadas pelo tempo que o Governo de Minas Gerais julgar necessário.

A medida foi decretada após pedido do Governador Aécio Neves, em virtude da paralisação parcial de policiais civis e militares em Belo Horizonte, a partir da manhã de ontem (sexta-feira). Os policiais reivindicam aumento de 54%, enquanto o governo oferece 6%, sob a argumentação de não poder conceder reajuste maior devido ao comprometimento com a arrecadação do Estado.

Pois bem. Para aqueles que se lembram, num passado não muito distante os policiais mineiros protagonizaram cenas lamentáveis, quando entraram em greve em junho de 1997, paralisando o Estado durante duas semanas. No conflito, um cabo da PM foi morto, e algumas de suas lideranças, como o Cabo Júlio, enveredaram pelo caminho da política.. Os militares mineiros saíram da disputa com 50% de aumento e provocaram uma crise que se alastrou na maioria dos estados brasileiros.

Greves. Motoristas do transporte coletivo, metrô, professores, polícia civil e militar.
Quando era funcionário de uma grande estatal mineira, participei de várias greves. Em nenhuma delas, a população ficou prejudicada. Mas reconheço que a greve é um dos instrumentos legítimos que o trabalhador pode dispor para pressionar e fazer valer suas reivindicações.

Ao mesmo tempo, greve de policiais civis e militares sempre me pareceu uma coisa meio absurda. Eles não são um funcionário público qualquer. São o braço armado do Estado. Fazem parte do aparelho repressivo estatal. Para o mal ou para o bem. Quando policiais fazem greve, a situação tende a se agravar mais ainda para a população em geral, que se vê ainda mais a mercê da bandidagem que corre solta nestes tempos. Ruim com eles, pior sem eles.

Apenas para exemplificar:

Cena 1, centro de Belo Horizonte
Após denúncia do MGTV, reproduzida no Jornal Nacional, a polícia militar prende uma quadrilha que assaltava transeuntes numa região próxima à zona boêmia, no centro da cidade. A ação daqueles elementos já era conhecida da polícia a muito tempo, mas somente após denúncias em cadeia nacional a polícia militar resolveu agir.

Cena 2, centro de Belo Horizonte
Uma mulher que andava distraidamente pela rua teve o seu celular roubado por um "pivete". Dois policiais militares, ao serem avisados do que ocorrera com a mulher a poucos metros dali, responderam: "problema é dela".

Ainda que discorde, vamos dizer que o direito de greve de policiais militares seja legítimo. Afinal, arriscam suas vidas constantemente, sacrificam convívio com família, correm todo tipo de risco. Merecem um salário digno, com certeza.
Mas o que é um salário digno, quando o mínimo é de suados 260 reais, para grande parte da população?
54% de aumento é um índice que beira o absurdo nos dias de hoje.
E venhamos e convenhamos. Para exigir um aumento destes, e ainda se achar no direito de fazer greve, precisam mostrar muito mais serviço e compromisso do que vêm mostrando...

sexta-feira, junho 04, 2004

 

Walk On


Despedida da Ana Líva, professora de Ingês... ela vai pra Polônia, com o marido. Vão ficar um tempo lá, depois o provável destino dos dois será Goiânia.

Numa de suas últimas aulas, da qual participei como espectador, foi debatida uma música do U2, se não me engano gravada em um clip feito pela banda no Rio de Janeiro. Numa das passagens da música, uma listinha interessante:

...
Leave it behind
You've got to leave it behind
All that you fashion
All that you make
All that you build
All that you break
All that you measure
All that you feel
All this you can leave behind
All that you reason
All that you care
...
All that you sense
All that you speak
All you dress up
All that you scheme…
All you create
All that you wreck
All that you hate
...


Se fosse elaborar uma listinha dessas também, creio que seria bem parecida. Ah, para aqueles que não conhecem ainda, a música é muito boa, ok?

quinta-feira, junho 03, 2004

 

Comentários a respeito do post


Várias pessoas se manifestaram a respeito do último post, ainda sobre a questão das cotas. Vou tentar responder:
O André Muggiati se manifestou, dizendo que se assumirmos o fato de que há diferenças, então deveremos tratar os desiguais na medida de sua desigualdade, fazendo valer, assim, o princípio da igualdade. Concordo com ele... mas qual a medida da desigualdade, André?... Será que podemos falar em desigualdade quando o assunto é raça ou etnia, ou religião ou política?... Veja o Brasil: negros, brancos, pardos, morenos, índios... sem contar os descendentes de japoneses, chineses, italianos e tantos outros que aqui habitam... quem são os desiguais?... quais as circunstâncias da desigualdade? Eu entendo que a questão da desigualdade tem que passar pelo econômico, não acha?...
Mas de qualquer maneira, respeito sua opinião, e muito obrigado por ter se manifestado. Aliás, recomendo o seu Blog a todos. É um que estarei sempre visitando.

Outro que se manifestou aqui, e tem um site muito bacana é o Rui Alão. Nossas idéias são bem parecidas, Rui. Para mim essa política é realmente um erro, mas é melhor que nada. Alguma coisa precisa ser feita, não acha?. Perpetuar essa situação é cristalizar o Brasil como "o país do futuro"... tá na hora de ser o país do presente, e ações nesse sentido se fazem necessárias. Como você, também acho que uma das saídas possíveis é lutar por uma melhora no ensino fundamental e médio. Educação de qualidade, de verdade.
Um grande abraço pra você, amigo...

Outra visita ilustre foi da Simone, que tem um Blog excelente, onde também virei frequentador assíduo. Como ela mesma disse, também vejo uma certa discriminação em fixar cotas. Mas concordando com ela, como já disse anteriormente, reconheço que é melhor que nada. Não dá mesmo para esperar.

quarta-feira, junho 02, 2004

 

Resposta ao leitor Renato Santos


Caríssimo,

Em primeiro lugar, obrigado pela visita e por enviar a sua resposta. É sempre bom ouvir as opiniões diferentes, servem de estímulo para novas visões a respeito do assunto.

Continuando, também sou professor e militante do movimento negro. Dou aulas em um pré-vestibular para afrodescendentes, e sou uma mistura do negro com o índio (a avó da minha mãe era índia). Não se sinta desrespeitado, por favor. Não desconheço a discussão, mesmo porque ela faz parte do meu dia-a-dia, e o diálogo com meus interlocutores é constante, você mesmo é prova disso. Peço novamente que não se sinta desrespeitado, mas afirmar que as trajetórias sociais de brancos e negros são distintas é meio redundante. Mas vamos lá...

Não vivo em Marte, e claro que não dá pra deixar de ver o racismo existente em nosso país. Na maior parte das situações que você citou, o negro seria preterido. Já inclusive vivi situações parecidas com as que você descreve. Mas como você deve saber, e ainda que nossas leis sejam difíceis de serem cumpridas, racismo é crime. Inafiançável. Em quaisquer das situações citadas, faça valer a lei. Denuncie. Você faz isso?
Sim, já estudei em escola pública. Escola pública de verdade, não essa "coisa" que temos aí hoje e que chamam de escola pública. E te garanto que as divisões em turmas A, B, C ou D não eram por cor da pele. Eu mesmo estudava nas turmas A.
Veja só, aos poucos você mesmo vai respondendo seus questionamentos, nem precisaria de outro interlocutor. "...Os negros são
realmente inferiores aos brancos, como pregam os racistas?"...
Claro que não são!... por isso mesmo, não precisam de cotas... não somos inferiores, somos iguais. Não queremos favores. Queremos sim, ter as mesmas condições dos outros. As mesmas chances.
Os negros são maioria nas prisões?... os negros também são a maioria da população pobre, não???... Por isso, vejo como solução atacar a pobreza... criar condições melhores para que os pobres (e os negros incluídos) possam ter acesso, ou no mínimo as mesmas chances de acesso que os brancos, uai...
Meu curso de geografia me ensinou, e as matérias de história confirmaram o "projeto de branqueamento"...
Meu curso de Geografia me ensinou também que o país é um dos que mais cresceu nos últimos 150 anos... me ensinou também às custas de que se deu esse crescimento: concentração fundiária e de renda, endividamento externo, abertura a capital estrangeiro, sucateamento de empresas nacionais, uma exclusão social que cresce a cada dia e outras mazelas mais. Digo exclusão social. Não são apenas os negros os excluídos. Todos os pobres são.

Meu curso de Geografia foi excelente, caro Renato...

Finalizando, não tenho tais pretensões intelectuais, mas tenho todo o direito de criticar meus interlocutores sim. Mesmo porque, são parte de mim. Sou parte deles. No pré-vestibular em que trabalho, voltado para afrodescendentes (mas que estudam negros pobres e brancos pobres também), estamos sempre discutindo a situação. Existe quem pense como eu. Muitos outros pensam diferente. São pontos de vista que precisam ser respeitados. Ainda penso que em relação à educação, a melhor política seria aquela que ao menos tentasse minimizar a exclusão... e não que privilegiasse essa ou aquela raça.

As cotas são então uma política para minimizar a exclusão dos negros, ou um reforço à discriminação?... ou uma discriminação às avessas?
Volto a perguntar: você sabe quantos negros concluem o ensino médio?... ou melhor, quantos pobres concluem o ensino médio? Negro não precisa de favor. Nem de esmola. Reforçar o discurso de vítima em nada contribui para a auto-afirmação da raça.

PS: ah, democraticamente, seu email e toda a discussão estão aqui no site, ok?

Abraços!...

 

Resposta de um leitor sobre Cotas e Universidade para Todos


Publico a seguir resposta de um leitor/frequentador do Blog, o Renato Santos, sobre o meu post anterior referente à política de cotas e ao Universidade para Todos, que foi também enviado para uma lista de geografia, da qual participo:

Meu caro
Como não escrevo para a lista de geografia, te mando essa mensagem
particularmente.
Sou professor, intelectual e militante do movimento negro (os três de
maneira indissociável), e como tal me senti um tanto quanto
desrespeitado pela sua manifestação - não desrespeitado pessoalmente
por
você, mas por uma postura que você está reproduzindo. Gostaria de,
cordialmente, te apresentar alguns ângulos da discussão que eu creio
que
você desconhece, exatamente por uma postura marcada por nunca ter
dialogado com militantes ou intelectuais do movimento negro, ou seja,
por jamais ter dialogado com seus interlocutores, e mesmo assim supor
que domina todos os argumentos deles. Repito que é essa postura,
bastante comum, o que me faz sentir desrespeitado, pois ela se reproduz
demais nesse debate.
Quando o deputado Luiz Alberto faz a referida afirmação, de que "as
cotas sociais, no lugar das
cotas raciais, "é uma forma de evitar o debate do
racismo no Brasil", ele está chamando a atenção para o fato de que as
trajetórias sociais de brancos e negros pobres são distintas. Acho que
você tem conhecimento disso: se um negro e um branco pobre disputam uma
vaga de emprego, ainda que esta não exija qualquer qualificação, quem
tem maiores chances de conquistar a vaga? Se o emprego garante um
salário razoável, como de vendedor em shopping, ou modelo ou artista de
televisão (sabemos que não é o apenas o puro talento que define...),
quem historicamente conquista a vaga? Na escola pública, quem sofre
discriminação, enfrenta violência simbólica, psicológica e até mesmo
física, crianças brancas ou negras? Ou você acredita na democracia
racial?
Quando você entra numa escola pública - espero que já o tenha feito,
pois eu estudei em várias delas - e vê aquela tradicional divisão em
turmas por "qualidade", turmas A, B, C, D, quem é majoritário nas
turmas
A, brancos ou negros? E nas turmas D, brancos ou negros? Nas 4 escolas
públicas por que passei, em 2 estados, eram sempre a maioria de brancos
nas turmas A e a maioria de negros nas turmas D. Por que? Os negros são
realmente inferiores aos brancos, como pregam os racistas, ou o racismo
interfere no rendimento escolar das crianças negras? Os negros são
realmente inferiores aos brancos ou o racismo interfere nas
possibilidades de ascensão social dos negros, afinal, 116 anos após a
abolição, os negros são maioria nas prisões, enquanto os brancos
(filhos
e netos de imigrantes vindos para cá após a abolição) são maioria no
poder - Paloccis, Berzoinis, Gushikens, etc?
Meu caro, não sei se seu curso de geografia te ensinou, mas esse país
teve um projeto de Estado, um projeto nacional de branqueamento de sua
população. Isso é a nossa história: o Brasil importou imigrantes e
enviou os negros para integrarem, desarmados, os pelotões de frente da
guerra do Paraguai, para exterminar a população negra. Esse país se
industrializou. Não sei se seu curso de geografia te ensinou, mas nos
últimos 150 anos a economia do Brasil é uma das que mais cresceu neste
planeta. E os negros continuam sem acesso a estas riquezas. Não sei se
seu curso de geografia te ensinou, mas o racismo permite que mais de
40%
de nossa população - pretos e pardos, vulneráveis à discriminação - não
tenha pleno acesso à riqueza gerada pelo nosso suor.
O movimento negro vê, bem mais do que você, que enquanto as crianças
negras estiverem numa escola pública com professores brancos, estes
sempre vão atribuir a elas a culpa pelo fracasso que a escola produziu
-
é isso que eles fazem ao colocar uma criança numa turma inferior, é
atribuir o fracasso à própria criança, que é estigmatizada como burra.
O
movimento negro vê a nossa universidade formando intelectuais sem
nenhum
espírito público. Com as cotas, formaremos professores negros
preocupados com as cinco crianças negras.
O movimento negro vê que não são excluídos da universidade apenas
aqueles que não passam no vestibular. As faxineiras negras da
universidade também são excluídas dela, pois elas nem se imaginam
merecedoras de ocupar em moldes acadêmicos aquele espaço. Para elas,
aquele é um espaço para branco.
Portanto, me desculpe se eu pareço meio grosso. Mas você me parece um
intelectual. E, como tal, não tem o direito de criticar seus
interlocutores sem antes ouvi-los.
E eu estou à sua disposição.
Abraço
Renato Emerson
Ficaria feliz se você publicasse minha resposta ou qualquer
manifestação
de um militante do movimento negro em seu blog, afirmando assim sua
postura democrática.

 

Cade a imagem?


Tá, podem rir...
O fato é que ainda apanho um bocado na hora de postar as mensagens... essa aqui é um exemplo... a imagem estava aqui, eu estava vendo... na hora de postar, cade a danada???...

Tudo bem...

Sempre é tempo de aprender...


E graças a ajuda de um amigo, aprendi... esse aí embaixo sou eu...!

Image Hosted by ImageShack.us

terça-feira, junho 01, 2004

 

Universidade para Todos


Dia 13 do último mês, foi divulgado pelo governo o programa Universidade para Todos, o ProUni, e um projeto que reserva metade das vagas das federais para alunos oriundos da rede pública. São medidas interessantes, que realmente podem gerar um certo nível de inclusão. Mas por enquanto, só está gerando polêmica. Mas algumas críticas devem realmente ser feitas. Para mim o governo continua ainda maquiando o problema, e ainda fere o princípio da igualdade. Claro que as instituições particulares de ensino não estão vendo nem o Universidade para Todos e muito menos o projeto com bons olhos.

Mas, minha surpresa mesmo vem da manifestação do movimento negro contra a chamada "cota social". Nesta, o determinante é a renda, e não a cota racial adotada em algumas instituições. Entre as críticas, uma do deputado Luiz Alberto (PT-BA), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial chama a atenção: afirma que as cotas sociais, no lugar das cotas raciais, "é uma forma de evitar o debate do racismo no Brasil". (ver matéria)

Engraçado. Sempre fui a favor de uma política de inclusão mais ampla. Sempre imaginei que uma política em educação voltada para os cidadãos de baixa renda, com certeza estaria assim atingindo também a população negra, grande maioria entre os pobres. O que nunca concordei e nem posso concordar é com este racismo às avessas. Como já disse uma vez, nunca aceitaria entrar numa Universidade onde o determinante seria a cor da minha pele. É quase um racismo às avessas. Já defender o pobre, o cidadão de baixa renda, é dever do Estado. É pra isso também que ele existe.

O que o movimento negro não consegue enxergar, ou finge não ver, é o seguinte: quantos negros concluem hoje o segundo grau? Segundo fontes não-oficiais, um em cada cinco. E os outros quatro? Estes podem então ficar fora da universidade?
Quantos pobres concluem o segundo grau? Quantos têm a chance de cursar uma faculdade?

Ainda acho que o essencial está sendo deixado de fora. Quando será que vai ser discutida a situação de trabalho da maioria dos professores da rede pública, sem material, sem infra-estrutura, sem segurança? Quando será discutida a condição de vida dos professores hoje, com o salário que ganham?

Quando será feita uma verdadeira reforma no ensino fundamental e médio públicos, tornando-os de qualidade, como um dia já foram?

This page is powered by Blogger. Isn't yours?