segunda-feira, junho 14, 2004

 

Da violência, pit-boys e outros machões


Muitos dizem por aí que vivemos numa época de banalização da violência. A violência nos chega a todo instante, nas manchetes dos jornais e telejornais, no centro da cidade, no nosso bairro, numa guerra distante. Adoradores das imagens, elas nos chegam abarrotadas de sangue, cadáveres, balas, morte. Por isso, dizem, e pelo sentimento de impunidade, a violência aumenta a cada dia.

Meio simplista pensar dessa maneira. Vários são os fatores que fazem os índices de violência disparar. A pobreza, a inveja, a ganância, a desigualdade, o desemprego, a impunidade... nenhum deles justifica nada, claro. Mas juntos, contribuem para que possamos compreender melhor as coisas.

Particularmente, discordo quando falam da banalização da violência. É muito pior. Vivemos um verdadeiro culto à violência. Assim como nossas crianças são erotizadas o mais precocemente possível, também são instigadas desde cedo a agir com violência para resolver seus problemas. Basta ver a quantidade de jovens hoje em dia viciados em "games" onde a violência é o fator principal do jogo. Tiros, sangue, morte. Sem dor.

Nosso futebol é violento. Tenho um grande amigo, talvez o maior deles, que diz que "futebol é um jogo onde prevalece o contato físico". Baseado nisso, distribui pontapés e cotoveladas quando está jogando...

Não existe argumento pra defender a violência. Vejam o caso dos pit-boys...
Você já sabe quem são. Marombados, alguns praticam artes marciais como o Jiu-Jitsu; normalmente possuem cérebro de galinha, quando possuem alguma coisa digna desse nome. Se comportam como marginais, e realmente o são... saem para a noite, frequentam barzinhos e boates com o objetivo de quebrar o maior número de caras que for possível... O único argumento que conhecem é a força dos músculos, mesmo porque não possuem nenhum outro recurso.
Como são incapazes de estabelecer um diálogo de 10 minutos que não fale de anabolizantes, carros e outras idiotices, dão seu recado "no braço". Incapazes de escutar um não como resposta, incapazes de lidarem com suas frustrações. Bebezinhos mimados por papai e mamãe. Mostram para as mulheres que são os tais, os fortes. Pior que tem mulher que gosta. São mais idiotas ainda.

Toda essa violência gratuita tem como essência a covardia. Sim. Olhem: o cara que rouba, assalta, mata... é um covarde. Precisa de uma arma para intimidar, para se fazer forte, para ter poder, para te matar... sem a arma, corre o risco de levar uns tabefes na primeira investida. O cara que "quebra" o outro no futebol, quase sempre faz pelas costas, ou quando o outro está distraído. O pit-boy, normalmente age em bandos, pra se garantir. Afinal, um machão como ele não pode correr o risco de se dar mal. Quando não está em bando, escolhe um opositor visivelmente mais fraco ou despreparado. Ou ainda, atinge a sua vítima covardemente, sem aviso. As gangues do futebol, os "pivetes", a polícia e todos aqueles que partem para a violência generalizada agem impulsionados pela covardia.

Não são brigões, ou machões, ou autoridades, ou assassinos, ou apenas idiotas. São, antes de qualquer coisa, covardes.

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