terça-feira, janeiro 25, 2005

 

Velho Chico II


Por enquanto vou apenas repassar o aviso, reforçando o convite do meu amigo Venutto, mas voltarei ao assunto da transposição do São Francisco amanhã:

"Audiência pública sobre transposição do São Francisco está marcada para o próximo dia 25 em BH

O Projeto Manuelzão convoca a sociedade civil organizada, os usuários e representantes do poder público para audiência pública relativa ao projeto de transposição do Rio São Francisco. Tal audiência foi marcada para o dia 25 de janeiro, às 18h30, no Minascentro - Teatro Granada, em Belo Horizonte (MG).

É imprescindível que todos participem e demonstrem sua indignação em relação à obra defendida pelo Ministério da Integração Nacional.
"

Só adiantando o assunto, o governador da Bahia, Paulo Souto (que também é geólogo), esteve ontem no programa Roda Viva, da Rede Minas, e foi bastante esclarecedor sob alguns aspectos da transposição, em especial sobre o seu posicionamento em relação ao assunto. O mesmo não é contra a transposição, mas defende um ponto de vista que considero pertinente e acabo concordando: o uso da água deve ser para o uso humano e matar a sede de animais, e não para fins econômicos. Me parece algo sensato e razoável, principalmente se levarmos em conta que provavelmente nada será feito em termos de revitalização da bacia, e quaisquer projetos que visem o uso econômico das águas do "Velho Chico" (irrigação, por exemplo) deve ser cuidadosamente estudado.
No próximo post vou tentar traduzir um pouco o que é essa tão falada transposição, o papel do governo e dos comitês de gestão, política de recursos hídricos e outorga, e os possíveis impactos na bacia hidrográfica do São Francisco. Ou não.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

 

Clonaram o homem


Parece a mesma pessoa, ou andaram fazendo lavagem cerebral no homem:

"De 822 mil empregos criados nos últimos 12 meses no Brasil, apenas 62 mil são com carteira assinada. Isso significa que a pequena retomada do crescimento econômico, além de estar gerando poucas vagas novas, não tem sido suficiente para enfrentar a precarização das condições de trabalho.
No Brasil, o mercado informal já está sendo estimado em 60% do total. Sem carteira assinada, como se sabe, o trabalhador fica à margem das proteções legais, todas vinculadas ao emprego formal. O Brasil está, portanto, no rumo errado.
É necessário mudar completamente a política econômica para que o país possa crescer com distribuição de renda e justiça social. Para isso, é preciso:
a) baixar significativamente os juros para o consumidor e para o capital de giro das médias, pequenas e microempresas...
"
- Luiz Inácio Lula da Silva, publicado no Jornal Zero Hora (10/09/2000), via Ricardo Noblat

Só para lembrar, ainda ontem o Banco Central voltou a elevar as taxas de juros... onde fica o tal crescimento com distribuição de renda e justiça social? Onde está a criação de milhões de postos de trabalho? Onde está a saída dos trabalhadores do mercado informal?

quarta-feira, janeiro 19, 2005

 

Tancredo e o Príncipe


Um dia desses, assistindo à um telejornal da Rede Minas, vi uma rápida entrevista com um ex-assessor de Tancredo Neves. O programa lembrava os 20 anos da eleição de Tancredo pelo Colégio Eleitoral. Na ocasião, o ex-assessor (esqueci o seu nome) também era deputado e líder da Assembléia, e narrou um fato pitoresco, digno da história de um dos verdadeiros "políticos" que esse país já teve.

Depois de derrotada a emenda Dante de Oliveira, o caminho para futuras eleições diretas para Presidente da República dependia de quem seria eleito Presidente pelo Colégio Eleitoral. Tancredo sabia disso. Seu nome era bem aceito pelos políticos conservadores e também bem conceituado entre os militares. Restava saber a quem precisaria derrotar. O nome do PPS era Aureliano Chaves, político com quem Tancredo tinha grande afinidade. Tancredo Neves não perdeu tempo, e foi um dos primeiros a apoiar Aureliano Chaves, colocando a Assembleia a disposição do mesmo. Questionado pelo assessor e líder da Assembléia Legislativa, saiu-se com essa: "Estou apoiando ele agora, para ter seu apoio depois".

Dito e feito. Aureliano foi preterido na disputa e cedeu lugar para Paulo Maluf, candidato preferido dos militares, fato que já era previsto por Tancredo Neves. Aureliano então passou a oferecer apoio a Tancredo, e também Hélio Garcia, que saiu pelo país buscando apoio para a candidatura. O resultado, todos sabemos, foi a vitória esmagadora de Tancredo no Colégio Eleitoral.

Lições de política, talvez da verdadeira política. Bem ou mal, acho que o nosso moderno "Príncipe" teria algo a aprender com as lições do passado. Talvez entendesse o que é jogo político, o que é hipocrisia e o que é demagogia.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

 

Lula e Prouni


Contrariando um dos dogmas defendidos eternamente pelo PT, Mister Lula disse que "o Estado nunca vai ter condições de dar estudo público e gratuito para todos". Para Lula, o Prouni, que deveria beneficair 112.416 estudantes com bolsas integrais e parciais, seria a solução do problema. Seria.

Seria se não estivessem sobrando mais de 15.000 vagas do Prouni, depois do período de inscrições, devido ao simples fato dos candidatos não terem conseguido a nota mínima nos programas de avaliação do governo para se inscrever no Prouni; ou simplesmente não tenham condições de arcar com os 50% restantes da mensalidade; ou simplesmente não tenham condições de arcar com as despesas de deslocamento do seu local de residência até a universidade.

Seria, se de cada 100 alunos matricluados no ensino fundamental, nem mesmo 20 conseguem chegar à universidade.

Seria, se houvesse, por parte do governo, um comprometimento ainda maior com o ensino médio e, principalmente, com o ensino fundamental.

Seria, se a questão das cotas não estivesse sendo envolvida no processo. Ao cotizar o acesso para negros e índios, o governo automaticamente cria uma separação entre raças que na prática não existia. Uma das características do nosso povo é o multiculturalismo e a união das raças. Vejam bem, não desconheço o forte preconceito que negros sofrem no Brasil, preconceito este que se manifesta muitas vezes de forma velada, oculta. Mas não podemos, volto a repetir neste espaço, reproduzir discursos e comportamentos que reforcem ainda mais o preconceito existente, criando outros. Novamente me ocorre a questão do pobre: entre um "branco pobre" e um "negro pobre", disputando uma vaga, um dos candidatos seria preterido simplesmente em função de sua raça, distorcendo o processo e agravando ainda mais a condição de miséria social do preterido na disputa.

E finalmente, seria, se o Prouni fosse parte de um projeto mais ambicioso, que favorecesse sobretudo o ensino fundamental e médio, com capacitação de professores, abertura de concursos, e aumento de vagas nas universidades públicas.

Tomara que o Prouni não se torne mais uma mentira, mais um engodo.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

 

Solidariedade e Tsunamis


Solidariedade é uma palavra bonita, que traduzida em ações concretas, se torna mais bela ainda. Já chega a mais de 15 bilhões de dólares a ajuda prometida por diversos países, organizações e pessoas, para as vítimas dos países atingidos pela tsunami no Oceano Índico. O mundo é solidário quando quer, não resta dúvida. Eu, como sou um pouco cínico, acho que tal ajuda se deve em parte ao grande número de turistas de vários países vítimas da tragédia, o que explica também a comoção mundial. Mas deixando o cinismo de lado, quase 200 mil mortos é um número que entristece, choca, e não há como deixar de ser solidário numa tragédia de tamanha magnitude.

Sendo um pouco chato, gostaria apenas que o mundo fosse sempre assim, ou mais solidário ainda. Com as vítimas da fome e da AIDS na África, por exemplo. Ou com aqueles que vivem abaixo da linha da pobreza, na miséria, pelo mundo afora. Mas...

Sendo mais chato ainda, deixando de ser global e falando um pouco mais localmente, o brasileiro em geral também é solidário. Já enviamos daqui aviões com remédios, comida e roupas para as vítimas da tragédia asiática. Se tivéssemos muito dinheiro, com certeza enviaríamos algum também. É, somos um povo solidário. Nosso presidente anda aí, pelo mundo, a pregar um tal de "Fome Zero" mundial. Pena que ainda não fez o dever de casa, mas isso é apenas um detalhe. O que importa é que somos um povo solidário, basta ver nosso desempenho nas diversas campanhas beneficentes, como Teleton, Natal Sem Fome, Criança Esperança, onde milhões de reais são arrecadados.

Pena que somos solidários apenas nas grandes tragédias, como a ocorrida na Ásia. Pena que somos solidários apenas uma parte do ano, um mês, ou um dia. As tais campanhas que acabei de citar são importantes, claro, e sem elas a situação seria muito pior para aqueles que precisam. Mas temos que aprender a ser um pouco mais solidários. Lembrar de quem precisa apenas no Natal, ou durante uma campanha beneficente, é muito pouco, e é muito fácil. Lembrar cotidianamente de quem precisa, dos necessitados, é que é complicado. Dá muito trabalho. Afinal, a culpa não é nossa.

Obs: tem gente que está cagando e andando para o mundo, para as pessoas, para quem precisa. Tem gente que acha solidariedade uma babaquice. Tem gente que acha que pessoas que não tem o que vestir ou comer, pessoas que morrem de frio ou não tem onde morar, pessoas que nao tem emprego, saúde ou dignidade, não são um problema seu. E realmente não é. Para quem consegue viver assim, neste mundo, sem se importar com os outros ou sem se comover... Parabéns... Infelizmente (ou não), não consigo pensar dessa maneira...

terça-feira, janeiro 11, 2005

 

Pinóquio e a "nova geografia comercial"


O homem deve estar maluco, ou então pensa que somos todos idiotas. Em recente discurso, Mister Lula se referiu ao maremoto como uma "resposta" do planeta às ações antrópicas, conforme escrevi aqui neste post. Mas não ficou apenas nisso. Comemorando o superávit recorde na balança comercial, o homem falou sobre ter estabelecido uma tal de "nova geografia comercial" brasileira, se referindo às suas viagens e contatos "comerciais", sobretudo com a África e a Ásia. Fui ver o que tinha de novidade aí.

Em recente reportagem no Estado de Minas, encontrei a explicação para tais bravatas. Pra começar, o superávit comercial se deveu principalmente ao aumento de nossas exportações para locais onde já exportávamos bastante, como Europa, América Latina e Estados Unidos. Nada de novo.

Nossas exportações para o continente africano aumentaram (?) coisa de 2 ou 3%, apesar de todos os esforços diplomáticos de Mister Lula, ministros e representantes brasileiros que por lá andaram.

Em relação ao continente asiático, o que interessava ao Brasil era o mercado chinês. A China é um dos países que mais importa no mundo, e suas exportações também crescem em ritmo alucinante. Depois de todo esforço brasileiro, incluindo aí a viagem de Mister Lula à China, reconhecimento da China como uma economia de mercado por parte do Brasil, e outros rapapés e salamaleques, nossas exportações para a "terra do sol nascente" simplesmente diminuíram! Seguindo o raciocínio de nosso Presidente, mais proveitosa foi a visita ao Brasil feita pelo Primeiro-Ministro chinês, Wen Jiabao, que conseguiu reduzir suas importações para o Brasil e aumentar suas exportações. Sim, passamos a comprar mais da China.

Falar a verdade faz bem, sobretudo quando se fala para milhões de pessoas.

sábado, janeiro 08, 2005

 

Ele está de volta, e cada dia melhor...

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sexta-feira, janeiro 07, 2005

 

E o FEBEAPA* continua!


O ano já ia terminando, e Mister Lula tinha que soltar mais uma de sua já vasta coleção de asneiras... Quando da pesquisa do IBGE, que revelou que cerca de 40% dos brasileiros pobres sofriam com obesidade, Mister L. chegou a chamar tal fato de "Fome Gorda", relevando os dados coletados na pesquisa, como o consumo excessivo de açúcar, arroz, feijão e farinha de mandioca pela população pobre. Outras besteiras do gênero foram ditas e repetidas pelos mais altos escalões governamentais e pelos puxa-sacos de plantão.
Como admitir, que o famigerado "Fome Zero", que deveria atender (e nunca atendeu) mais de 11 milhões de famílias, não dê conta de um número ainda menor?
Mais a mais, "Mister L.", a fome pode sim, e deve ser medida através de pesquisas. Pesquisas sérias, claro, como o IBGE tem o costume de realizar. Não "enquetes" questionando quem passa fome ou não, mas um trabalho de pesquisa sério, com metodologia própria e específica. Pra fechar o ano e encerrar o FEBEAPA, uma besteira digna de nota.

Pois o ano nem bem começa, e o "homem" já solta mais um absurdo... Diante da tragédia ocorrida na Ásia devido ao terremoto e aos tsunamis que mataram milhares de pessoas, lá vem "Mister L." dizer que tais fatos foram uma "resposta" do planeta às ações do homem sobre a superfície da Terra. E nenhuma alma caridosa foi capaz de corrigí-lo. Nenhum puxa-saco oficial, nenhum cientista dos altos escalões, todos deixaram tamanha besteira ser dita. O homem acha que pode falar qualquer bobagem para o país, e todos temos que bater palma. Mas relacionar atividades do tectonismo natural do planeta, com prováveis ações humanas, foi demais. "Mister L.", tratamos mal a natureza, claro. E a natureza, claro, nos dá suas respostas. Mas não assim. O que aconteceu pode acontecer, ja aconteceu e vai continuar acontecendo muitas outras vezes, pois depende apenas do tectonismo natural do planeta, da movimentação e acomodação das placas tectônicas. Esperemos sim, que não aconteça mais com a mesma intensidade, ou de maneira pior.

Encerremos por aqui o FEBEAPA, esperando a próxima bobagem.


*FEBEAPA = Festival de Besteiras que Assola o País

terça-feira, janeiro 04, 2005

 

Terremotos e Tsunamis


O recente terremoto ocorrido no Oceano Índico, que provocou ondas gigantescas (Tsunamis) que arrasaram o litoral de oito países asiáticos, ja fez até agora mais de 150.000 vítimas fatais, e os números não param de aumentar. Trata-se de uma das maiores catástrofes naturais dos últimos tempos. Segundo a ONU, o número total de mortos pode até mesmo dobrar, pois os sobreviventes enfrentam agora perigo de epidemias, devido às péssimas condições sanitárias, com corpos espalhados por todos os lados, além da falta de água potável, comida e remédios.

Terremotos são totalmente imprevisíveis, é certo. Sabe-se onde ocorrem e porque ocorrem, mas ninguém pode assegurar quando vão acontecer. Apesar da área em questão ser uma região de colisão de placas tectônicas, por isso rica em vulcões e terremotos, não existe na região do Oceano Índico um sistema de sensores que pudessem detectar a formação das tsunamis, como existe no Oceano Pacífico, outra área extremamente sensível a tais catástrofes. Me parece que agora, depois de tal tragédia, tal sistema será implantado no Índico. Antes tarde do que nunca. Este último foi de tal magnitude, que deslocou ilhas do Oceano Índico em até 30 metros e, pasmem, o eixo de rotação da Terra em 6 cm.

Um choque de placas, mais precisamente entre as placas Australiana e Euro-Asiática, como podemos ver no mapa abaixo, foi o responsável pelo terremoto que originou as famigeradas tsunamis.

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O Brasil, por situar-se na parte central da placa Sul-Americana, pouco sofre com os fenômenos que geralmente ocorrem na borda das placas, como terremotos e vulcões. Os tremores que aqui ocorrem são de pequena intensidade, quase imperceptíveis, sendo resultado de acomodações das camadas mais inferiores entre a placa e o magma. Na mesma placa Sul-Americana, por exemplo, na extremidade ocidental, temos a formação da Cordilheira dos Andes como resultado do choque entre a placa de Nazca e a placa Sul-Americana, além dos terremotos e vulcões existentes naquela região. A placa Africana, como podemos ver acima, afasta-se da placa Sul-Americana, formando uma cadeia montanhosa chamada Dorsal Atlântica, a partir do afastamento das placas. Como são duas placas grandes e que realizam um movimento divergente, geram poucas áreas de instabilidade, o que nos dá chances remotíssimas de sofrer tais catástrofes.

A natureza nos mostrou, da pior forma possível, o quanto somos pequeninos.

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