quarta-feira, janeiro 19, 2005

 

Tancredo e o Príncipe


Um dia desses, assistindo à um telejornal da Rede Minas, vi uma rápida entrevista com um ex-assessor de Tancredo Neves. O programa lembrava os 20 anos da eleição de Tancredo pelo Colégio Eleitoral. Na ocasião, o ex-assessor (esqueci o seu nome) também era deputado e líder da Assembléia, e narrou um fato pitoresco, digno da história de um dos verdadeiros "políticos" que esse país já teve.

Depois de derrotada a emenda Dante de Oliveira, o caminho para futuras eleições diretas para Presidente da República dependia de quem seria eleito Presidente pelo Colégio Eleitoral. Tancredo sabia disso. Seu nome era bem aceito pelos políticos conservadores e também bem conceituado entre os militares. Restava saber a quem precisaria derrotar. O nome do PPS era Aureliano Chaves, político com quem Tancredo tinha grande afinidade. Tancredo Neves não perdeu tempo, e foi um dos primeiros a apoiar Aureliano Chaves, colocando a Assembleia a disposição do mesmo. Questionado pelo assessor e líder da Assembléia Legislativa, saiu-se com essa: "Estou apoiando ele agora, para ter seu apoio depois".

Dito e feito. Aureliano foi preterido na disputa e cedeu lugar para Paulo Maluf, candidato preferido dos militares, fato que já era previsto por Tancredo Neves. Aureliano então passou a oferecer apoio a Tancredo, e também Hélio Garcia, que saiu pelo país buscando apoio para a candidatura. O resultado, todos sabemos, foi a vitória esmagadora de Tancredo no Colégio Eleitoral.

Lições de política, talvez da verdadeira política. Bem ou mal, acho que o nosso moderno "Príncipe" teria algo a aprender com as lições do passado. Talvez entendesse o que é jogo político, o que é hipocrisia e o que é demagogia.

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