sábado, junho 05, 2004

 

Exército nas ruas em Minas Gerais


Conforme notícia veiculada pelo jornal Estado de Minas de ontem, 04/06/2004, o Governo Federal autorizou o uso das Forças Armadas pelo tempo que o Governo de Minas Gerais julgar necessário.

A medida foi decretada após pedido do Governador Aécio Neves, em virtude da paralisação parcial de policiais civis e militares em Belo Horizonte, a partir da manhã de ontem (sexta-feira). Os policiais reivindicam aumento de 54%, enquanto o governo oferece 6%, sob a argumentação de não poder conceder reajuste maior devido ao comprometimento com a arrecadação do Estado.

Pois bem. Para aqueles que se lembram, num passado não muito distante os policiais mineiros protagonizaram cenas lamentáveis, quando entraram em greve em junho de 1997, paralisando o Estado durante duas semanas. No conflito, um cabo da PM foi morto, e algumas de suas lideranças, como o Cabo Júlio, enveredaram pelo caminho da política.. Os militares mineiros saíram da disputa com 50% de aumento e provocaram uma crise que se alastrou na maioria dos estados brasileiros.

Greves. Motoristas do transporte coletivo, metrô, professores, polícia civil e militar.
Quando era funcionário de uma grande estatal mineira, participei de várias greves. Em nenhuma delas, a população ficou prejudicada. Mas reconheço que a greve é um dos instrumentos legítimos que o trabalhador pode dispor para pressionar e fazer valer suas reivindicações.

Ao mesmo tempo, greve de policiais civis e militares sempre me pareceu uma coisa meio absurda. Eles não são um funcionário público qualquer. São o braço armado do Estado. Fazem parte do aparelho repressivo estatal. Para o mal ou para o bem. Quando policiais fazem greve, a situação tende a se agravar mais ainda para a população em geral, que se vê ainda mais a mercê da bandidagem que corre solta nestes tempos. Ruim com eles, pior sem eles.

Apenas para exemplificar:

Cena 1, centro de Belo Horizonte
Após denúncia do MGTV, reproduzida no Jornal Nacional, a polícia militar prende uma quadrilha que assaltava transeuntes numa região próxima à zona boêmia, no centro da cidade. A ação daqueles elementos já era conhecida da polícia a muito tempo, mas somente após denúncias em cadeia nacional a polícia militar resolveu agir.

Cena 2, centro de Belo Horizonte
Uma mulher que andava distraidamente pela rua teve o seu celular roubado por um "pivete". Dois policiais militares, ao serem avisados do que ocorrera com a mulher a poucos metros dali, responderam: "problema é dela".

Ainda que discorde, vamos dizer que o direito de greve de policiais militares seja legítimo. Afinal, arriscam suas vidas constantemente, sacrificam convívio com família, correm todo tipo de risco. Merecem um salário digno, com certeza.
Mas o que é um salário digno, quando o mínimo é de suados 260 reais, para grande parte da população?
54% de aumento é um índice que beira o absurdo nos dias de hoje.
E venhamos e convenhamos. Para exigir um aumento destes, e ainda se achar no direito de fazer greve, precisam mostrar muito mais serviço e compromisso do que vêm mostrando...

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