segunda-feira, maio 17, 2004

 

Expulsão de jornalista



Sábado, durante uma discussão entre amigos, a maioria estava de acordo com a decisão tomada pelo Presidente Lula contra o jornalista do NYT. Diziam que o Presidente estava certo, que a nação tinha sido desonrada, chamaram o Presidente de alcoólatra, etcetera e tal. Bom, pra começo de conversa, eles não sabiam sequer o que o jornaista havia publicado realmente. "Ouviram falar isso, ouviram falar aquilo". Sugiro que, primeiro, atentem para a realidade dos fatos, não do "ouvi dizer". Em segundo lugar, quando o Lula voltou atrás na sua decisão, disseram que o jornalista pediu desculpas, que o jornal tinha se retratado. Nem uma coisa, nem outra. O Lula viu o tamanho da burrada que estava fazendo, e pressionado de todos os lados, acabou recuando. Para os céticos (entre eles meu amigo Radamés), aqui vai o que o jornalista realmente disse num trecho do pedido de reconsideração da sua expulsão (cortesia de Ricardo Noblat):
"O requerente declara jamais ter tido a intenção de ofender a honra do Excelentíssimo Presidente da República a quem já pôde até mesmo entrevistar em algumas ocasiões, e reafirma seu grande afeto pelo Brasil e seu profundo respeito às instituições democráticas brasileiras, incluindo a Presidência da República. Na opinião do requerente, o artigo limita-se a veicular comentários, não contendo nenhum juizo de valor do próprio requerente, que de todo modo reitera que o texto não foi escrito para ofender o Presidente da República, embora as repercussões e polêmicas posteriores à reportagem possam ter lhe causado constrangimentos, os quais o requerente lamenta". "Os grifos são nossos".
Mas afinal, onde está o pedido de desculpas???
Em terceiro lugar, todos sabem que sou totalmente contra este tipo de atitude. Processra o jornalista, o jornal, obrigá-los a se retratar judicialmente, com certeza seria o caminho correto, se as palavras do jornalista chegassem a tanto.
Mas cassar seu visto, expulsá-lo do país, me pareceu um pouco demais. A ditadura, graças a Deus, já se foi a muito tempo. E me parece que a noção de democracia do "Reino das metáforas" está bem próxima do ideal cubano, uma ditadurazinha no meio do nada.
Devíamos nos indignar é com o aumento do desemprego, com o privilégio do econômico na política oficial do governo, com a inércia e paralisia que tomaram conta do Planalto, com a retórica vazia, recheada de metáforas fúteis, com o tão falado e prometido "espetáculo do crescimento", com o "Febeapá" que volta a assolar o país novamente, com o desgoverno total do nosso país, com o desperdício do meu e de milhões de votos que o "Rei" recebeu. Isso sim é de causar indignação e revolta. Não vai ser a opinião de um jornalista qualquer, de primeira ou quinta grandeza, que vai depreciar o nosso Presidente. Seus atos e suas palavras já falam por si só.


Comments:
Vai tarde....
 
Nossa, blog atualizado, texto elaborados... Tá com tempo, hein? Vida boa...Não vai ter mais nenhuma música do Vander Lee? Ainda lembra dele ou já esqueceu?
 
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