domingo, maio 23, 2004

 

O fim da história


O post anterior estava ficando muito grande, resolvi dividir pra facilitar a leitura, organizar as idéias e ficar menos cansativo...

Ainda sobre o capitalismo, Francis Fukuyama fez uma leitura hegeliana do "Fim da História", quando queria dizer que não existia possibilidade de superação do capitalismo (ou liberalismo, como queiram).

Entendi perfeitamente o que o João Mellão quis dizer em seu artigo, mas me dou o direito de discordar. Na teoria, a prática é outra (desculpem a falta de originalidade). Um sistema que é a materialização de "valores" como egoísmo e ambição não pode nunca ser considerado como o sistema ideal. Além de reforçar no indivíduo tais valores, agrega outros, como a valorização do supérfluo, o fetiche da mercadoria, a descontrução do indivíduo, criando uma culutra hedonista, onde tudo é relativizado. "A humanização das coisas e a coisificação do homem", como bem disse Marx.

Além do mais, boa parte do texto do Mellão não passa de uma falácia. Os países capitalistas desenvolvidos não são tão liberais quanto parecem, nem o Estado é tão mínimo assim, já que sempre age de acordo com os interesses dos conglomerados travestidos de Estado. São liberais apenas no que lhes convêm...

Nos países mais pobres, como o nosso, o verdadeiro capitalismo nunca existiu simplesmente pelo fato de sermos pobres, forçados a uma relação de dependência que trava o nosso crescimento. Isso que diferencia o capitalismo praticado em terras tupiniquins, por exemplo. Nosso capitalismo é periférico, e o liberalismo aqui praticado é ainda mais claudicante: cada dia mais o que vemos é uma total intervenção do Estado na economia, com decisões baseadas muitas vezes em interesses que não são os nossos.

Se por um lado Marx tem suas limitações e o socialismo nunca se mostrou uma alternativa viável, por outro lado Adam Smith, um dos representantes do capitalismo chega a ser cínico em alguns momentos, quando diz que "os governos não deveriam reprimir o egoísmo, pois as nações empobreceriam se dependessem unicamente da caridade e do altruísmo".

Eu penso que o Estado não deve existir para servir apenas de sustentáculo de um sistema econômico, seja ele qual for. O Estado deve existir para garantir uma vida digna aos seus cidadãos, seja no capitalismo, socialismo ou outro "ismo" qualquer.

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