segunda-feira, julho 26, 2004

 

Brasil e Haiti


Além de ter enviado tropas militares numa missão de pacificação para o Haiti, o Brasil também vai enviar para lá a seleção brasileira. Parece que a data do jogo seria dia 18 de Agosto. Vejo nas matérias de jornais e revistas referenytes ao assunto, uma certa preocupação com a segurança no local. Me parece que o estádio (se é que se pode chamar assim), além de instalações modestas e gramado de péssima qualidade, tem capacidade apenas para 15 mil torcedores, segundo a Folha. Que seja mais. A verdade é que muito mais gente que isso vai querer ver o jogo da seleção brasileira por lá. Para não correrem o risco de milhares de pessoas tentando disputar um lugar no estadio, vários telões serão instalados em Porto Príncipe, para que as pessoas não precisem se deslocar ao estádio. Estima-se que talvez cerca de um milhão de pessoas pudesse tentar assistir ao jogo. Enfim, todo um aparato será montado, segundo o governo brasileiro, visando a segurança dos jogadores e principalmente da população haitiana.

Tropas militares no Haiti não são novidade, e se isso resolvesse alguma coisa, a situação do país deveria ser bem diferente do que é hoje. No momento, são realmente necessárias, dada a violência que tinha se espalhado pelo país na forma de uma sangrenta guerra civil. Grupo sarmados se enfrentavam na capital e no restante do país, uns contra, outros a favor o presidente deposto Jean Aristide. Outros grupos também se armaram na expectativa de abocanhar fatias de poder com a deposição do presidente. Tal missão pode ser questionável, pois está ali para garantir uma operação militar que derrubou um presidente eleito democraticamente. Questionável, mas uma intervenção talvez necessária.

Jean-Bertrand Aristide foi padre católico, adepto da teologia da libertação. Aqui começa a ironia. Ferrenho opositor de "Baby Doc", um ditador instalado no poder, após a queda e exílio do mesmo Aristide foi era visto pelo povo haitiano como o "salvador da pátria", sendo eleito presidente em 1990. Foi deposto por um golpe de estado em 1991 realizado por militares rebeldes, voltando ao poder em 1994 após intervenção militar americana. Após isso, começou a ser repudiado pelo povo, acusado de corrupção, enriquecimento ilícito e mandar assassinar seus opositores.

A situação da população é de pobreza extrema, miséria e abandono. Talvez aí esteja o verdadeiro fracasso de Aristide, de não ter conseguido melhorar a qualidade de vida da população. Neste cenário de desolação e caos social, o Haiti talvez precise mesmo da missão de paz liderada pelas tropas brasileiras. Mas além de militares, a ONU e os países que compõem a missão (Argentina, Chile) contribuiria muito levando para o país professores, médicos, dentistas, enfermeiros, entre outros. E logo, antes que a parte da ilha Hispaniola, ocupada pelo Haiti, se desintegre, e reste apenas a República Dominicana para fazer a história.


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