quarta-feira, setembro 15, 2004

 

Notícias do "Velho Chico"


Nem só de transposição vive o Rio São Francisco.

Parodiando Drummond, por muitos anos vivi em Pirapora. Ali nasci e permaneci até os 17 anos de idade, quando fiz as malas e me transferi para Belo Horizonte. Como bom "barranqueiro" que sou, sempre que posso vou a cidade, rever parentes, amigos e lugares. Terra dos índios Cariris, seu nome em tupi (Pira-Poré) quer dizer "salto do peixe", numa época em que havia uma quantidade sem fim de peixes, que pululavam nas cachoeiras e corredeiras de Pirapora. A cidade fica na região do Alto Médio São Francisco, aquele mesmo "rio da unidade nacional", que nasce lá em São Roque de Minas, no Chapadão da Zagaia (Serra da Canastra). Em Pirapora tem início seu trecho navegável, até Juazeiro (BA).

Quando menino, costumava fazer passeios maravilhosos no vapor "Benjamin Guimarães". Saindo de Pirapora, o "Benjamin" se deslocava até Barra do Guaicuí, distrito de Pirapora, brindando a todos com as mais belas paisagens das barrancas do "Velho Chico". O vapor foi construído em 1913, nos EUA, chegando ao porto de Pirapora na metade da década de 20. Depois de transportar tropas durante a Segunda Guerra (até o litoral nordestino), o vapor foi se deteriorando, tendo sua navegação interrompida já no final da década de 80. Após anos de abandono e descaso, finalmente em 2002 teve início a sua restauração, tendo sido reinaugurado no início de 2004.

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Agora, me chega a notícia de que outro vapor, o "São Salvador", também está sendo reformado em Pirapora, e em breve voltará a navegar em suas águas, transformado em "escola flutuante", levando educação ambiental, cultura e folclore para as populações ribeirinhas. Construído na Bahia em 1937, navegou até 1969, e graças a uma parceria entre a Companhia de Navegação do São Francisco (FRANAVE), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Companhia de Eletricidade da Bahia (COELBA), prefeituras de Ibotirama (BA) e de Pirapora (MG), a reforma está sendo realizada.

Pirapora, Buritizeiro e demais cidades ribeirinhas agradecem. A luta pela preservação do rio São Francisco continua. Com ou sem a transposição de suas águas, o "Velho Chico" tenta sobreviver. Luta contra a degradação, o assoreamento de seu leito, a poluição de suas águas. Lutemos juntos.

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