sábado, outubro 02, 2004

 

Furacões e "Furacões"


Muito se falou sobre a "temporada de furacões" no Atlântico Norte, e a situação de caos e desastre sobretudo na Flórida, onde os prejuízos, calcula-se, cheguem a mais de 2 bilhões de dólares. A tempestade tropical "LISA" se transformou no oitavo furacão da temporada. Além de tal prejuízo, com a destruição de fazendas de gado, plantações, residências, ainda se contabiliza o trágico saldo de dezenas de mortos apenas neste Estado (números não-oficiais falam em 110 mortos). A grande maioria dos mortos está entre a população mais pobre, habitantes de casas modestas ou acampamentos com caravanas (mobiles homes).
O que pouca gente fala e mostra é que no Haiti, o país mais pobre do continente, apenas o furacão "Jeanne" causou a morte de aproximadamente 2.500 pessoas, além de praticamente arrasar a cidade de Gonaives. As poucas imagens veiculadas davam conta de enchentes, destruição e corpos espalhados pelas ruas, tamanha a fúria do ciclone. Jovens armados saqueavam caminhões que chegavam à cidade trazendo alimentos, numa situação que ameaça levar novamente o país ao caos.
Não se trata aqui, por favor, de discursos extremistas, como se a vida de alguém valesse mais ou menos por morar neste ou naquele país. São vidas que se foram, independente do país, raça, credo ou qualquer outra coisa. Se trata de se juntar ao lamento das vidas que ficam, e perguntar: até quando?
Triste sina. A exemplo do que acontece com os terremotos, a passagem dos ciclones acaba fazendo suas vítimas preferenciais entre os mais pobres, sem recursos ou possibilidades de optar por melhores condições de vida. Em tais catástrofes naturais, o maior número de vítimas está entre aqueles que possuem as condições mais precárias de sobrevivência. Seja num país rico ou num país pobre. Aqueles que alardearam e lamentaram a situação na Flórida, bem o fizeram. Mas não nos esqueçamos dos outros. O Haiti não é aqui, mas é logo ali...


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