sábado, outubro 30, 2004

 

Homem versus meio ambiente


Nunca fui um ambientalista "radical". Não me parece possível sobreviver neste planeta apenas "contemplando" a natureza. Acho sim, perfeitamente possível, uma convivência Homem/Natureza mais harmoniosa, mesmo porque da conservação de um, depende a sobrevivência do outro. Portanto, um uso adequado dos recursos naturais e uma convivência mais pacífica entre o homem e o meio ambiente se faz urgente. Chame-se isso de "desenvolvimento sustentável", "uso racional dos recursos ambientais", ou qualquer outra coisa.
Na grande maioria dos casos, essa convivência não é lá muito harmoniosa, sendo mesmo na maior parte das vezes impossível de acontecer. É o preço que pagamos pela nossa racionalidade, por sermos donos e senhores do planeta e dos seus recursos. Ou não é bem assim? Dando a "César o que é de César", existem casos em que a preservação prevalece sobre o uso.

Vejamos.
Fiquei sabendo aqui, que um juiz da 4ª Vara Cível da Comarca de Petrópolis, o sr. Ronald Pietre, julgou improcedentes ações do MP (Ministério Público), sobre as ocupações irregulares em margens de rio. Nas palavras do meritíssimo:

"O meio ambiente existe para servir ao homem e não o contrário. Por causa disso, não existe discrepância alguma em sacrificar o meio ambiente quando está em jogo a própria habitação de numerosas famílias".

"O meio ambiente existe para servir ao homem". Bonito isso. Só falta avisar ao meio ambiente, para que ele se coloque em seu devido lugar, e pare de nos pregar peças. Afinal, quem ele pensa que é? Entre o meio ambiente e o homem, fiquemos com o homem, claro. Mas não se trata disso.
Duvido muito que não exista qualquer outro espaço em Petrópolis, onde o poder público possa construir habitações dignas para aquelas pessoas que estão realmente necessitando. Nessa história toda, talvez sejam os menos culpados. Não os transformemos em vilões e vítimas, deixando que ocupem as margens dos rios.

Vilões sim, porque a presença de pessoas nestes locais, como a prática demonstra, geralmente se traduz em poluição, assoreamento, destruição de nascentes e mata ciliar.
Vítimas também, porque a presença de pessoas nestes locais, como a prática também demonstra, geralmente se traduz em trágicos acidentes, originados por deslizamentos de encostas, enchentes e doenças, devido às condições insalubres.

Só para lembrar ao meritíssimo, existe uma legislação ambiental, que proíbe categoricamente a ocupação das Áreas de Preservação Permanente, e aí estão incluídas as margens do rio, as nascentes e matas ciliares. Sei que o senhor já fez sua opção, é só pra lembrar, meritíssimo. Menos arrogância e prepotência, um pouco mais de bom senso, caldo de galinha e outras coisinhas não fazem mal pra ninguém. E no caso, ajudam a aumentar a nossa permanência por aqui, como eternos reis e senhores desse planeta.

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