sexta-feira, novembro 05, 2004

 

Arafat e Rabin



Ontem a noite, um porta-voz do hospital parisiense onde está internado Yasser Arafat, comunicou à imprensa que o presidente da Autoridade Nacional Palestina havia sofrido morte cerebral. A notícia foi reproduzida por vários blogueiros mundo afora, mas desmentida em muitos lugares devido ao total desencontro de informações entre o que realmente ocorreu e a legislação francesa, que só admite a morte oficial quando o coração do paciente pára, o que não ocorreu com Arafat.

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Como era de se esperar, o ministro palestino das Relações Exteriores, Nabil Shaath, negou a informação, assim como seu médico particular, dr. Ashraf Kurdi. Mas a verdade é que segundo algumas agências de notícias internacionais, líderes da ANP fizeram, ainda ontem, uma reunião de emergência para debater como evitar tumultos nos territórios palestinos.

Para muitos, a morte de Arafat abriria caminho aproximaria a região da paz. Pode ser. Mas quem será capaz de dialogar com os grupos que lutam pela causa palestina, como o Hamas, a FPLP, a Jihad Islâmica, e liderá-los para que a paz possa ser realmente alcançada?
Muitos imaginam que Arafat nunca tenha desejado realmente a paz. Ficou na história o episódio em que abandonou a mesa de negociações e recusou o acordo proposto por Ehud Barak, quando foi duramente criticado e acusado de não querer a continuidde do processo de paz. Mas a verdade é que tal acordo, apesar de atender boa parte das reivindicações palestinas, não concedia aos territórios a autonomia de um Estado independente, ponto fundamental para os palestinos e, devemos reconhecer, até certo ponto uma reivindicação justa.

A ironia do destino, a se confirmar a morte do líder da ANP, é que na mesma data, há nove anos atrás (1995), foi assassinado o então premiê israelense Itzhak Rabin, morto com três tiros pelo extremista religioso judeu (sim, fundamentalismo não é característica somente dos muçulmanos) Igal Amir, que tinha como objetivo "impedir que Rabin aceitasse um Estado palestino no coração da Terra de Israel". Mais uma vez o processo de paz foi interrompido, dessa vez pelo lado israelense.

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Rabin talvez tenha sido o líder israelense que mais avançou na direção da paz entre israelenses e palestinos, mais ate do que com Barak. Os chamados acordos de Oslo, celebrados entre Rabin e Arafat, mediados pelo ex-presidente norte-americano Bill Clinton, pareciam se constituir numa solução definitiva, criando no mundo inteiro uma grande expectativa em relação ao fim dos conflitos entre árabes e israelenses.
Em Outubro de 1994, o prêmio Nobel da Paz foi concedido à Rabin e Arafat.

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Resta saber agora se existem novos Arafat e Rabin. Resta saber se a paz ainda continuará sendo mera utopia.

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