quarta-feira, novembro 17, 2004

 

Pérolas sobre o trabalho escravo


Poucas vezes vi um texto tão cínico.
"O trabalhador que aceita, voluntariamente, oferecer seu esforço individual em troca de comida e moradia, sem dinheiro como forma de pagamento, não pode ser considerado um escravo."
Rodrigo C. dos Santos é o nome do autor, economista formado pela PUC-RJ. Encontrei-o aqui, aliás um site bastante estranho.
As idéias estapafúrdias deste senhor não param por aí. Leiam lá, confiram o artigo na íntegra.

O autor sabe muito bem do que se trata quando fala em escravidão e trabalho escravo. Em um malabarismo verbal quase convincente, se apressa em falar de subjetividade e de como algumas pessoas, no seu entendimento, manipularam tais conceitos. A partir daí o que se lê beira o absurdo. Mistura princípios de liberdade, direitos de propriedade e escolhas voluntárias para dizer que, se o indivíduo preferir, pode ter sua força de trabalho trocada por comida e moradia. Ou seja, se o indivíduo quiser, ele pode trabalhar apenas para morar e comer!

Com certeza o sr. Rodrigo assim procede também, devendo atuar no mercado financeiro, como mostra pequena resenha a seu respeito, em troca apenas de comida e moradia.

Pimenta nos olhos dos outros é refresco, ou não é?

O que o sr. Rodrigo "parece" ter se esquecido é que raramente um desses trabalhadores, pegos sendo explorados pelos grandes latifundiários, estão ali trabalhando em troca de casa e comida porque querem. Quase sempre se encontram nestas situações ludibriados, enganados com promessas de salário, casa e comida. Acabam endividados com o patrão, com "supostas" despesas com ferramentas de trabalho e compras de mantimentos, dívidas que se tornam muitas vezes impagáveis e os obrigam a ali permanecerem. Não escolheram estar ali, como tenta nos convencer o sr. Rodrigo.

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