quinta-feira, novembro 04, 2004

 

Universidade Para Todos?


Recentemente, foi divulgado pelo governo o programa Universidade para Todos, o ProUni, e um projeto que reserva metade das vagas das federais para alunos oriundos da rede pública. São medidas interessantes, que realmente podem gerar um certo nível de inclusão. Mas por enquanto, só está gerando polêmica. Mas algumas críticas devem realmente ser feitas. Para mim o governo continua ainda maquiando o problema, e ainda fere o princípio da igualdade. Claro que as instituições particulares de ensino não estão vendo nem o Universidade para Todos e muito menos o projeto com bons olhos.

Mas, minha surpresa mesmo vem da manifestação do movimento negro contra a chamada "cota social". Nesta, o determinante é a renda, e não a cota racial adotada em algumas instituições. Entre as críticas, uma do deputado Luiz Alberto (PT-BA), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial chama a atenção: afirma que as cotas sociais, no lugar das cotas raciais, "é uma forma de evitar o debate do racismo no Brasil". (ver matéria)

Engraçado. Sempre fui a favor de uma política de inclusão mais ampla. Sempre imaginei que uma política em educação voltada para os cidadãos de baixa renda, com certeza estaria assim atingindo também a população negra, grande maioria entre os pobres. O que nunca concordei e nem posso concordar é com este racismo às avessas. Como já disse uma vez, nunca aceitaria entrar numa Universidade onde o determinante seria a cor da minha pele. É quase um racismo às avessas. Já defender o pobre, o cidadão de baixa renda, é dever do Estado. É pra isso também que ele existe.

O que o movimento negro não consegue enxergar, ou finge não ver, é o seguinte: quantos negros concluem hoje o segundo grau? Segundo fontes não-oficiais, um em cada cinco. E os outros quatro? Estes podem então ficar fora da universidade?
Quantos pobres concluem o segundo grau? Quantos têm a chance de cursar uma faculdade?
O essencial está sendo deixado de fora.

Quando será que vai ser discutida a situação de trabalho da maioria dos professores da rede pública, sem material, sem infra-estrutura, sem segurança? Quando será discutida a condição de vida dos professores hoje, com o salário que ganham?
Quando será feita uma verdadeira reforma no ensino fundamental e médio públicos, tornando-os de qualidade, como um dia já foram?

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