terça-feira, setembro 21, 2004

 

Brasil e Haiti (II)


A Carta Maior, no início do mês, havia informado que um outro tipo de ação será realizada pelo governo brasileiro no Haiti, provavelmente na área da agricultura. Eu já tinha falado sobre a missão brasileira aqui, quando dizia que "além de militares, a ONU e os países que compõem a missão (Argentina, Chile) contribuiria muito levando para o país professores, médicos, dentistas, enfermeiros, entre outros"...
Parece que agora o Brasil acordou, principalmente depois que o ministro da Defesa esteve por lá. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), cerca de 60% da população haitiana vive no campo. Destes, aproximadamente 80% não conseguem suprir suas necessidades básicas de alimentação, e não têm conhecimento sequer de técnicas simples de irrigação.
Por falar nisso, a irrigação é um dos grandes problemas do Haiti, pois ali falta água potável até para o consumo humano, imaginem para a irrigação. Diante disso, soluções como a construção de poços artesianos e cisternas seriam alternativas simples e de grande ajuda aos agricultores. Um outro problema é a cobertura florestal, hoje reduzida a 2% de sua cobertura original. Sem a cobertura vegetal adequada, o solo é lixiviado rapidamente, e os processos erosivos são ainda mais acentuados.
De fato, agora sim o Brasil está realmente pensando em ajudar o Haiti. Fazer algo mais além do envio de tropas militares e time de futebol. Depois do circo, o pão.

Aliás, ainda não entendi direito os objetivos brasileiros ao chefiarem esta missão militar da ONU no Haiti. Quer dizer, sei muito bem que um dos objetivos, ao liderarem a missão, é reforçar a sua atuação no cenário internacional, aumentando assim suas chances no eterno pleito por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU. Isto todo mundo sabe. A questão é: de que serve uma vaga no Conselho de Segurança, num mundo cada vez mais unilateral? Os EUA simplesmente impõem seus interesses no Conselho de Segurança, e quando não são atendidos ou recebem algum tipo de veto, ainda assim agem de acordo apenas com seus interesses. Vide invasão ao Iraque e "Doutrina Bush". A própria ONU precisa urgentemente rediscutir o seu papel no mundo de hoje, pós-Guerra Fria, sob o risco de acabar desaparecendo.

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