quarta-feira, julho 23, 2008

 
Recomeçando
Hora de reativar este espaço???

sábado, fevereiro 25, 2006

 

"Palavras de um futuro bom"



Formaram um casal feliz. Apesar de tudo. Apesar da dureza da vida, das dificuldades financeiras, da quase-separação, do coração dele perder o rumo, das brigas. Eram felizes. Ela era sua melhor amiga. Sua maior companheira. O ajudou a entender o significado dessa palavra. Ela o amava. Muito. Amava também sua filha, e o filho que estava para chegar. Ele se esforçava para ser bom. Para ser um bom marido (muitas vezes não conseguia), para ser um bom pai, para ser um bom companheiro. Após tantas confusões do seu coração, tinha percebido que a amava. Depois de quase 13 anos de casamento, quase 15 anos de namoro, tinham cumplicidade. Claro. Se entendiam apenas numa troca de olhares, sabiam o estado de espírito um do outro apenas pelo tom da voz.


Bons momentos existiram. E foram muitos. O dia em que se conheceram, numa festa a muitos anos atrás, foi inesquecível. As palavras ditas, o início do namoro... As viagens, ficarão na memória dele para sempre. Se é que o "sempre" existe realmente. O nascimento da filha (Júlia) também foi um destes momentos mágicos, especiais. A cumplicidade do cotidiano, as emoções compartilhadas, a alma de ambos revelada, as músicas que fazem parte da vida dos dois... As conversas intermináveis noite afora, uma infinidade de planos e projetos.


O segundo filho nasceu as 20:24 horas do dia 21 de Fevereiro último. Ela chegou no hospital sangrando muito, mas ainda lúcida, sem dores, apenas um pouco de medo. Segurou sua mão quando entrou no elevador, sentada em uma cadeira de rodas. Tinha um medo terrível de elevadores. Rapidamente, foi encaminhada ao bloco cirúrgico. Após o nascimento da criança (Lucas, um lindo menino), o sangramento não parava. Outras complicações surgiram. Acretismo placentário, ou placenta enraizada no útero e em outros órgãos. Recebeu cerca de duas vezes a quantidade de sangue que circulava em seu corpo. Também plasma, soro, e outras drogas para mantê-la viva. Saiu sedada, entubada e cheia de drenos da maternidade, direto para o CTI. Choque hemorrágico. Ela perdia praticamente todo o sangue que recebia.


Ele estava ali, ao lado dela. No CTI, viu quando ela teve a primeira parada cardíaca. Se desesperou. Gritou pelos corredores, chamando mais médicos e mais enfermeiras. Depois de muita dificuldade, conseguiram reanimá-la. Ele ainda viu mais outras duas paradas cardíacas que ela sofreu. Desesperado, foi para a porta do Hospital. Ainda assim, lá de fora viu (ouviu)a quarta e última parada cardíaca dela. Três e meia da manhã do dia 22 de Fevereiro de 2006. Madrugada silenciosa, perturbada apenas pelo barulho contínuo, cruel e indiferente da máquina que a mantinha viva. Chamaram por ele lá fora, mas ele já sabia. Ela não tinha resistido, tinha ido embora. Corações bons são fortes pra certas coisas, fracos para outras. O dela era o melhor coração que ele já tinha visto. Não resistiu a tanto sofrimento, depois de lutar por cerca de 7 horas. Quando ele pôde entrar na sala da emergência, seu corpo já estava frio. Não havia mais máquinas ou tubos nela ligados. Ainda assim, estranhamente, ao tentar se despedir, ao deixar para ela suas últimas palavras, ao acariciar seus cabelos e sobrancelhas, ao beijá-la pela última vez, ele sentiu como que um sopro, um pequeno jato de ar, saindo do nariz dela. Não importa se foi ou não verdadeiro, mas ele quer acreditar nas coisas como estou contando.


Não houve despedidas. Não da parte dele. Ela, que sempre pressentiu e sabia de muitas coisas, já vinha se despedindo a algum tempo. Nas pequenas coisas. Como no gesto de dar seu celular para ele, meses antes. Como na música que vivia escutando, sempre que ele estava em casa, como se dissesse: "Esta é nossa música!". No choro fácil e repentino, se emocionando por qualquer coisa. No momento de tristeza horas antes de passar mal, quando estava numa festa de aniversário de seu sobrinho, e sem motivo algum começou a chorar. Em muitas outras coisas, gestos e palavras, ela já vinha se despedindo. Infelizmente, ele não notara. Não que não prestasse atenção nela, apenas era um pouco distraído. Agora, não há mais tempo para despedidas.


Impossível descrever a dor. A saudade. A angústia de ter que dar a notícia para a filha de apenas 9 anos, tão apaixonada pela mãe. Ele queria sumir no mundo, desaparecer, não falar com mais niguém, não fazer mais nada. A Julia e o Lucas não me deixam fazer isso. Por eles, e apenas por eles, tento dar um jeito de tocar a vida pra frente.


Na primeira noite sem ela, ele e a filha, deitados na cama, rezam. Choram. Ela diz: "Mamãe!... Agora que você virou uma anjinha, olhe por todos nós, continue pertinho da sua família. Pena que agora não posso mais te ver ou te escutar. Mas quero sonhar com você. Ah, e não precisa me pagar os quatro reais que você tá me devendo!..."
O que pode um pai fazer depois disso? Chorar? Querer morrer de tanta dor? Quero apenas ser forte o suficiente pra criar minha filha e o meu filho da melhor maneira possível, e ser o melhor pai possível. Espero, sinceramente, conseguir.


Aqui termina este blog. Um grande abraço a todos.


domingo, fevereiro 12, 2006

 

Muito tempo depois...


Escrever é um vício. Ao menos para mim. Por mais bobagens que escreva aqui, vocês não imaginam como senti falta deste espaço. Praticamente um ano se passou, sem que eu por aqui tivesse passado. Muita coisa aconteceu, claro, na minha vida e na de todos vocês. Acredito ter mais tempo agora para escrever aqui. Depois de um ano muito corrido, dando aulas de manhã e a noite, e ainda estudando a tarde, não tinha como manter este blog atualizado. Não que agora esteja com muito tempo sobrando. Ainda dou aulas de manhã e a tarde, ainda tenho que terminar o Mestrado neste ano, e daqui a algumas semanas vou ser pai novamente. Mas uma das coisas que me propus para 2006 foi voltar a escrever no blog, e este compromisso eu vou manter. Talvez não com tanta frequência, mas sempre estarei por aqui. Aos poucos, vou lendo meus blogs favoritos e verifico que eles também mudaram. Uns não existem mais, outros também estão parados, mas a grande maioria continua como sempre foi: ótimos. Nos próximos posts, dou notícia de alguns deles para vocês. Mas podem ir clicando aí do lado, passeando pelos blogs amigos, com certeza não se arrependerão.

terça-feira, janeiro 25, 2005

 

Velho Chico II


Por enquanto vou apenas repassar o aviso, reforçando o convite do meu amigo Venutto, mas voltarei ao assunto da transposição do São Francisco amanhã:

"Audiência pública sobre transposição do São Francisco está marcada para o próximo dia 25 em BH

O Projeto Manuelzão convoca a sociedade civil organizada, os usuários e representantes do poder público para audiência pública relativa ao projeto de transposição do Rio São Francisco. Tal audiência foi marcada para o dia 25 de janeiro, às 18h30, no Minascentro - Teatro Granada, em Belo Horizonte (MG).

É imprescindível que todos participem e demonstrem sua indignação em relação à obra defendida pelo Ministério da Integração Nacional.
"

Só adiantando o assunto, o governador da Bahia, Paulo Souto (que também é geólogo), esteve ontem no programa Roda Viva, da Rede Minas, e foi bastante esclarecedor sob alguns aspectos da transposição, em especial sobre o seu posicionamento em relação ao assunto. O mesmo não é contra a transposição, mas defende um ponto de vista que considero pertinente e acabo concordando: o uso da água deve ser para o uso humano e matar a sede de animais, e não para fins econômicos. Me parece algo sensato e razoável, principalmente se levarmos em conta que provavelmente nada será feito em termos de revitalização da bacia, e quaisquer projetos que visem o uso econômico das águas do "Velho Chico" (irrigação, por exemplo) deve ser cuidadosamente estudado.
No próximo post vou tentar traduzir um pouco o que é essa tão falada transposição, o papel do governo e dos comitês de gestão, política de recursos hídricos e outorga, e os possíveis impactos na bacia hidrográfica do São Francisco. Ou não.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

 

Clonaram o homem


Parece a mesma pessoa, ou andaram fazendo lavagem cerebral no homem:

"De 822 mil empregos criados nos últimos 12 meses no Brasil, apenas 62 mil são com carteira assinada. Isso significa que a pequena retomada do crescimento econômico, além de estar gerando poucas vagas novas, não tem sido suficiente para enfrentar a precarização das condições de trabalho.
No Brasil, o mercado informal já está sendo estimado em 60% do total. Sem carteira assinada, como se sabe, o trabalhador fica à margem das proteções legais, todas vinculadas ao emprego formal. O Brasil está, portanto, no rumo errado.
É necessário mudar completamente a política econômica para que o país possa crescer com distribuição de renda e justiça social. Para isso, é preciso:
a) baixar significativamente os juros para o consumidor e para o capital de giro das médias, pequenas e microempresas...
"
- Luiz Inácio Lula da Silva, publicado no Jornal Zero Hora (10/09/2000), via Ricardo Noblat

Só para lembrar, ainda ontem o Banco Central voltou a elevar as taxas de juros... onde fica o tal crescimento com distribuição de renda e justiça social? Onde está a criação de milhões de postos de trabalho? Onde está a saída dos trabalhadores do mercado informal?

quarta-feira, janeiro 19, 2005

 

Tancredo e o Príncipe


Um dia desses, assistindo à um telejornal da Rede Minas, vi uma rápida entrevista com um ex-assessor de Tancredo Neves. O programa lembrava os 20 anos da eleição de Tancredo pelo Colégio Eleitoral. Na ocasião, o ex-assessor (esqueci o seu nome) também era deputado e líder da Assembléia, e narrou um fato pitoresco, digno da história de um dos verdadeiros "políticos" que esse país já teve.

Depois de derrotada a emenda Dante de Oliveira, o caminho para futuras eleições diretas para Presidente da República dependia de quem seria eleito Presidente pelo Colégio Eleitoral. Tancredo sabia disso. Seu nome era bem aceito pelos políticos conservadores e também bem conceituado entre os militares. Restava saber a quem precisaria derrotar. O nome do PPS era Aureliano Chaves, político com quem Tancredo tinha grande afinidade. Tancredo Neves não perdeu tempo, e foi um dos primeiros a apoiar Aureliano Chaves, colocando a Assembleia a disposição do mesmo. Questionado pelo assessor e líder da Assembléia Legislativa, saiu-se com essa: "Estou apoiando ele agora, para ter seu apoio depois".

Dito e feito. Aureliano foi preterido na disputa e cedeu lugar para Paulo Maluf, candidato preferido dos militares, fato que já era previsto por Tancredo Neves. Aureliano então passou a oferecer apoio a Tancredo, e também Hélio Garcia, que saiu pelo país buscando apoio para a candidatura. O resultado, todos sabemos, foi a vitória esmagadora de Tancredo no Colégio Eleitoral.

Lições de política, talvez da verdadeira política. Bem ou mal, acho que o nosso moderno "Príncipe" teria algo a aprender com as lições do passado. Talvez entendesse o que é jogo político, o que é hipocrisia e o que é demagogia.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

 

Lula e Prouni


Contrariando um dos dogmas defendidos eternamente pelo PT, Mister Lula disse que "o Estado nunca vai ter condições de dar estudo público e gratuito para todos". Para Lula, o Prouni, que deveria beneficair 112.416 estudantes com bolsas integrais e parciais, seria a solução do problema. Seria.

Seria se não estivessem sobrando mais de 15.000 vagas do Prouni, depois do período de inscrições, devido ao simples fato dos candidatos não terem conseguido a nota mínima nos programas de avaliação do governo para se inscrever no Prouni; ou simplesmente não tenham condições de arcar com os 50% restantes da mensalidade; ou simplesmente não tenham condições de arcar com as despesas de deslocamento do seu local de residência até a universidade.

Seria, se de cada 100 alunos matricluados no ensino fundamental, nem mesmo 20 conseguem chegar à universidade.

Seria, se houvesse, por parte do governo, um comprometimento ainda maior com o ensino médio e, principalmente, com o ensino fundamental.

Seria, se a questão das cotas não estivesse sendo envolvida no processo. Ao cotizar o acesso para negros e índios, o governo automaticamente cria uma separação entre raças que na prática não existia. Uma das características do nosso povo é o multiculturalismo e a união das raças. Vejam bem, não desconheço o forte preconceito que negros sofrem no Brasil, preconceito este que se manifesta muitas vezes de forma velada, oculta. Mas não podemos, volto a repetir neste espaço, reproduzir discursos e comportamentos que reforcem ainda mais o preconceito existente, criando outros. Novamente me ocorre a questão do pobre: entre um "branco pobre" e um "negro pobre", disputando uma vaga, um dos candidatos seria preterido simplesmente em função de sua raça, distorcendo o processo e agravando ainda mais a condição de miséria social do preterido na disputa.

E finalmente, seria, se o Prouni fosse parte de um projeto mais ambicioso, que favorecesse sobretudo o ensino fundamental e médio, com capacitação de professores, abertura de concursos, e aumento de vagas nas universidades públicas.

Tomara que o Prouni não se torne mais uma mentira, mais um engodo.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

 

Solidariedade e Tsunamis


Solidariedade é uma palavra bonita, que traduzida em ações concretas, se torna mais bela ainda. Já chega a mais de 15 bilhões de dólares a ajuda prometida por diversos países, organizações e pessoas, para as vítimas dos países atingidos pela tsunami no Oceano Índico. O mundo é solidário quando quer, não resta dúvida. Eu, como sou um pouco cínico, acho que tal ajuda se deve em parte ao grande número de turistas de vários países vítimas da tragédia, o que explica também a comoção mundial. Mas deixando o cinismo de lado, quase 200 mil mortos é um número que entristece, choca, e não há como deixar de ser solidário numa tragédia de tamanha magnitude.

Sendo um pouco chato, gostaria apenas que o mundo fosse sempre assim, ou mais solidário ainda. Com as vítimas da fome e da AIDS na África, por exemplo. Ou com aqueles que vivem abaixo da linha da pobreza, na miséria, pelo mundo afora. Mas...

Sendo mais chato ainda, deixando de ser global e falando um pouco mais localmente, o brasileiro em geral também é solidário. Já enviamos daqui aviões com remédios, comida e roupas para as vítimas da tragédia asiática. Se tivéssemos muito dinheiro, com certeza enviaríamos algum também. É, somos um povo solidário. Nosso presidente anda aí, pelo mundo, a pregar um tal de "Fome Zero" mundial. Pena que ainda não fez o dever de casa, mas isso é apenas um detalhe. O que importa é que somos um povo solidário, basta ver nosso desempenho nas diversas campanhas beneficentes, como Teleton, Natal Sem Fome, Criança Esperança, onde milhões de reais são arrecadados.

Pena que somos solidários apenas nas grandes tragédias, como a ocorrida na Ásia. Pena que somos solidários apenas uma parte do ano, um mês, ou um dia. As tais campanhas que acabei de citar são importantes, claro, e sem elas a situação seria muito pior para aqueles que precisam. Mas temos que aprender a ser um pouco mais solidários. Lembrar de quem precisa apenas no Natal, ou durante uma campanha beneficente, é muito pouco, e é muito fácil. Lembrar cotidianamente de quem precisa, dos necessitados, é que é complicado. Dá muito trabalho. Afinal, a culpa não é nossa.

Obs: tem gente que está cagando e andando para o mundo, para as pessoas, para quem precisa. Tem gente que acha solidariedade uma babaquice. Tem gente que acha que pessoas que não tem o que vestir ou comer, pessoas que morrem de frio ou não tem onde morar, pessoas que nao tem emprego, saúde ou dignidade, não são um problema seu. E realmente não é. Para quem consegue viver assim, neste mundo, sem se importar com os outros ou sem se comover... Parabéns... Infelizmente (ou não), não consigo pensar dessa maneira...

terça-feira, janeiro 11, 2005

 

Pinóquio e a "nova geografia comercial"


O homem deve estar maluco, ou então pensa que somos todos idiotas. Em recente discurso, Mister Lula se referiu ao maremoto como uma "resposta" do planeta às ações antrópicas, conforme escrevi aqui neste post. Mas não ficou apenas nisso. Comemorando o superávit recorde na balança comercial, o homem falou sobre ter estabelecido uma tal de "nova geografia comercial" brasileira, se referindo às suas viagens e contatos "comerciais", sobretudo com a África e a Ásia. Fui ver o que tinha de novidade aí.

Em recente reportagem no Estado de Minas, encontrei a explicação para tais bravatas. Pra começar, o superávit comercial se deveu principalmente ao aumento de nossas exportações para locais onde já exportávamos bastante, como Europa, América Latina e Estados Unidos. Nada de novo.

Nossas exportações para o continente africano aumentaram (?) coisa de 2 ou 3%, apesar de todos os esforços diplomáticos de Mister Lula, ministros e representantes brasileiros que por lá andaram.

Em relação ao continente asiático, o que interessava ao Brasil era o mercado chinês. A China é um dos países que mais importa no mundo, e suas exportações também crescem em ritmo alucinante. Depois de todo esforço brasileiro, incluindo aí a viagem de Mister Lula à China, reconhecimento da China como uma economia de mercado por parte do Brasil, e outros rapapés e salamaleques, nossas exportações para a "terra do sol nascente" simplesmente diminuíram! Seguindo o raciocínio de nosso Presidente, mais proveitosa foi a visita ao Brasil feita pelo Primeiro-Ministro chinês, Wen Jiabao, que conseguiu reduzir suas importações para o Brasil e aumentar suas exportações. Sim, passamos a comprar mais da China.

Falar a verdade faz bem, sobretudo quando se fala para milhões de pessoas.

sábado, janeiro 08, 2005

 

Ele está de volta, e cada dia melhor...

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sexta-feira, janeiro 07, 2005

 

E o FEBEAPA* continua!


O ano já ia terminando, e Mister Lula tinha que soltar mais uma de sua já vasta coleção de asneiras... Quando da pesquisa do IBGE, que revelou que cerca de 40% dos brasileiros pobres sofriam com obesidade, Mister L. chegou a chamar tal fato de "Fome Gorda", relevando os dados coletados na pesquisa, como o consumo excessivo de açúcar, arroz, feijão e farinha de mandioca pela população pobre. Outras besteiras do gênero foram ditas e repetidas pelos mais altos escalões governamentais e pelos puxa-sacos de plantão.
Como admitir, que o famigerado "Fome Zero", que deveria atender (e nunca atendeu) mais de 11 milhões de famílias, não dê conta de um número ainda menor?
Mais a mais, "Mister L.", a fome pode sim, e deve ser medida através de pesquisas. Pesquisas sérias, claro, como o IBGE tem o costume de realizar. Não "enquetes" questionando quem passa fome ou não, mas um trabalho de pesquisa sério, com metodologia própria e específica. Pra fechar o ano e encerrar o FEBEAPA, uma besteira digna de nota.

Pois o ano nem bem começa, e o "homem" já solta mais um absurdo... Diante da tragédia ocorrida na Ásia devido ao terremoto e aos tsunamis que mataram milhares de pessoas, lá vem "Mister L." dizer que tais fatos foram uma "resposta" do planeta às ações do homem sobre a superfície da Terra. E nenhuma alma caridosa foi capaz de corrigí-lo. Nenhum puxa-saco oficial, nenhum cientista dos altos escalões, todos deixaram tamanha besteira ser dita. O homem acha que pode falar qualquer bobagem para o país, e todos temos que bater palma. Mas relacionar atividades do tectonismo natural do planeta, com prováveis ações humanas, foi demais. "Mister L.", tratamos mal a natureza, claro. E a natureza, claro, nos dá suas respostas. Mas não assim. O que aconteceu pode acontecer, ja aconteceu e vai continuar acontecendo muitas outras vezes, pois depende apenas do tectonismo natural do planeta, da movimentação e acomodação das placas tectônicas. Esperemos sim, que não aconteça mais com a mesma intensidade, ou de maneira pior.

Encerremos por aqui o FEBEAPA, esperando a próxima bobagem.


*FEBEAPA = Festival de Besteiras que Assola o País

terça-feira, janeiro 04, 2005

 

Terremotos e Tsunamis


O recente terremoto ocorrido no Oceano Índico, que provocou ondas gigantescas (Tsunamis) que arrasaram o litoral de oito países asiáticos, ja fez até agora mais de 150.000 vítimas fatais, e os números não param de aumentar. Trata-se de uma das maiores catástrofes naturais dos últimos tempos. Segundo a ONU, o número total de mortos pode até mesmo dobrar, pois os sobreviventes enfrentam agora perigo de epidemias, devido às péssimas condições sanitárias, com corpos espalhados por todos os lados, além da falta de água potável, comida e remédios.

Terremotos são totalmente imprevisíveis, é certo. Sabe-se onde ocorrem e porque ocorrem, mas ninguém pode assegurar quando vão acontecer. Apesar da área em questão ser uma região de colisão de placas tectônicas, por isso rica em vulcões e terremotos, não existe na região do Oceano Índico um sistema de sensores que pudessem detectar a formação das tsunamis, como existe no Oceano Pacífico, outra área extremamente sensível a tais catástrofes. Me parece que agora, depois de tal tragédia, tal sistema será implantado no Índico. Antes tarde do que nunca. Este último foi de tal magnitude, que deslocou ilhas do Oceano Índico em até 30 metros e, pasmem, o eixo de rotação da Terra em 6 cm.

Um choque de placas, mais precisamente entre as placas Australiana e Euro-Asiática, como podemos ver no mapa abaixo, foi o responsável pelo terremoto que originou as famigeradas tsunamis.

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O Brasil, por situar-se na parte central da placa Sul-Americana, pouco sofre com os fenômenos que geralmente ocorrem na borda das placas, como terremotos e vulcões. Os tremores que aqui ocorrem são de pequena intensidade, quase imperceptíveis, sendo resultado de acomodações das camadas mais inferiores entre a placa e o magma. Na mesma placa Sul-Americana, por exemplo, na extremidade ocidental, temos a formação da Cordilheira dos Andes como resultado do choque entre a placa de Nazca e a placa Sul-Americana, além dos terremotos e vulcões existentes naquela região. A placa Africana, como podemos ver acima, afasta-se da placa Sul-Americana, formando uma cadeia montanhosa chamada Dorsal Atlântica, a partir do afastamento das placas. Como são duas placas grandes e que realizam um movimento divergente, geram poucas áreas de instabilidade, o que nos dá chances remotíssimas de sofrer tais catástrofes.

A natureza nos mostrou, da pior forma possível, o quanto somos pequeninos.

quinta-feira, dezembro 30, 2004

 

Feliz 2005



Neste fim de ano tão tumultuado, com tantas tragédias acontecendo, é natural ficarmos um pouco pessimistas em relação ao ano que está chegando. Normal. Além das tragédias naturais que andam acontecendo (terremotos, maremotos, tsunamis) e sobre as quais falarei no próximo post, e outras nem tão naturais assim (guerras, genocídios, assassinatos, barbárie), temos a violência de todo-dia, que bate à nossa porta cotidianamente, caindo sobre nossas mulheres, crianças e amigos. Difícil esperar que 2005 seja melhor, ainda mais quando sabemos que tais coisas continuarão acontecendo.

Mas nada adianta sermos pessimistas, ao menos hoje. Ao menos hoje, me permitirei ser um pouco mais otimista, e pensar que em 2005 as coisas vão ser um pouco diferentes, vão ser um pouco melhores. Até porque, se piorar, não sei bem onde vamos parar.

A todos vocês, amigos, um Feliz 2005!!! Que ano que vem seja bem melhor que este, para todos vocês!!!

quarta-feira, dezembro 29, 2004

 

Quem entende?


Durante muito tempo, os lojistas da área central de Belo Horizonte protestaram contra a concorrência dos camelôs, que "roubavam" seus clientes nas portas das lojas. Quem ia entrar numa loja, não entrava, comprava a mercadoria em um camelô situado em frente da mesma. Pois bem. Tanto reclamaram e pressionaram, que a CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte) conseguiu que a Prefeitura desse um jeito na situação. Como parte das reformas planejadas no hipercentro de Belo Horizonte, estava previsto no Código de Posturas do município a retirada dos camelôs das ruas. Locais foram destinados para receber os mesmos (os "shoppings populares"), e os prazos rigorosamente cumpridos, apesar de toda a reclamção dos camelôs, que sendo a parte mais interessada nesse deslocamento, foi a menos ouvida.
De começo duvidoso, os tais "shoppings populares" se tornaram um sucesso junto ao público, que agora dispõe de maior oferta de produtos, segurança, comodidade e bons preços. Claro, exiwtm problemas graves, como mercadorias contrabandeadas, mas nada que a Prefeitura não possa resolver rapidamente se quiser. Pra citar apenas dois, o "Shopping Oiapoque" (apelidado de shopping Oi) e o "shopping Tupinambás" se tornaram o destino preferido da população, sobretudo de baixa renda, que se destina ao hipercentro de BH para fazer suas compras. Tudo muito certo, tudo muito bom.
Agora, o jornal Estado de Minas acaba de publicar uma reportagem (28/12) onde os lojistas reclamam que as vendas ficaram um pouco abaixo do esperado, mesmo sendo ligeiramente superiores ao ano passado. E, claro, em cima de quem jogam a culpa pelos "prejuízos"? Bingo! A culpa é da concorrência dos camelôs, situados agora nos shoppings populares, como tanto queriam os lojistas da região. Fiquei pensando qual será o próximo passo... para onde vão querer mandar os camelôs agora?

sábado, dezembro 25, 2004

 

Natal


Tem gente que acredita em Papai Noel. Tem gente que não acredita.
Tem gente que acredita em Deus. Tem gente que não acredita.
Tem gente que, não acreditando, não gosta que lhe desejem Feliz Natal. Tem gente que não liga.
Tem gente que luta por um mundo melhor. Tem gente que luta apenas para que "seu" mundo melhore.
Tem gente que quer ter filhos. Tem gente que não suporta a idéia.
Ninguém está certo. Ninguém está errado.

Gostei do que disse o Rafael. A idéia que o Natal inspira, de que alguém foi capaz de dar sua vida por amor ao próximo, é preciosa demais para ser perdida. Isso é o que eu penso, claro. Pensem diferente. Apenas respeitem minhas idéias. O Rafa disse que acreditar talvez seja a coisa mais importante desse mundo. Pode ser. Mas tem gente que não acredita. Aliás, tem gente que não acredita nem em si mesmo, quanto mais em alguma coisa exterior a ele. Da mesma maneira, aqueles que acreditam apenas em si mesmos, não tem tempo de levantar a cabeça e olhar qualquer coisa que lhe seja exterior, estando muito ocupados com o próprio umbigo.

Ainda sobre o Natal, a Cinthia disse algumas coisas muito interessantes, e concordo com ela. E hoje, mais uma vez, a magia do Natal se fez presente na minha vida. Difícil descrever a alegria de Julia, minha filha, ao ver seus presentes perto da árvore. Olhinhos brilhando, boquinha aberta, mãozinhas entrelaçadas... Só isso já valia comemorar o Natal. Ah, e por favor, não me venham com aquele discurso demagógico de "consumismo". Além dos presentes, minha filha sempre foi informada do que representa o Natal, o que se comemora, qual a sua importância. Ela acreditar ou não, isso já não é comigo. Vai depender dela, quando tiver idade suficiente pra isso.

Não quero convencer ninguém a acreditar em nada. Mesmo porquê, não tenho certeza de nada... Cada um acredita no que lhe convém.
Apenas tenho a leve impressão de que, acreditando, as coisas por aqui seriam mais fáceis. Mas é só uma impressão.

Para os que acreditam, e para aqueles que não acreditam também; para os amigos, reais e virtuais; para aqueles que estão sempre por aqui, para aqueles que aparecem de vez em quando:

                                                FELIZ NATAL!


quarta-feira, dezembro 22, 2004

 

Podem acreditar


O rapaz se chama Reginaldo. Mora nas ruas de Belo Horizonte. Sempre encontro com ele quando estou chegando no trabalho. Sempre me espera, e ocasionalmente, sempre lhe dou alguma coisa... algumas moedas, vale-tranportes, o pouco que geralmente trago no bolso.
Ultimamente, andou meio sumido. Vi-o novamente por estes dias. perguntei o que havia acontecido: "Tava em cana. Rodei. Armaram pra mim." Disse que agora tem que ficar esperto, pois acabou de completar 18 anos, se "cair" na cadeia novamente não vai sair tão cedo. Dei alguns conselhos, trocamos algumas idéias.
Ontem, quando estava chegando aqui, ele veio ver se eu tinha alguma coisa para ele. Verifiquei os bolsos, nada encontrei. Apenas algumas moedas, não mais que 50 centavos. Meio sem jeito, expliquei que nada tinha naquele dia, apenas aquelas moedas, a situação estava ruim, nem dinheiro para ir embora no final do expediente eu tinha. Me olhou atentamente. Enfiou a mão no bolso. Tirou de lá um vale-transporte, dizendo: "Pega aí, maluco... eu seguro a onda, você me dá uma força todo dia. Uma mão lava a outra!..."
Claro, não aceitei... mas pouca coisa me deixou tão surpreso e intrigado...

segunda-feira, dezembro 20, 2004

 

Sou Atleticano, e não desisto nunca (II)


Como era previsto, mais de 50.000 fanáticos foram ao Mineirão na tarde de ontem (números oficiais, sempre absurdos, falam em 47.000 pagantes). Entre eles, o bobo aqui. A torcida do "Galo" é fantástica. Surpreende a cada dia. Além de estabelecer o recorde de público do campeonato brasileiro, os loucos que foram ao estádio não pararam um só minuto de incentivar, gritar e cantar o hino do time. Quem não soubesse e visse aquela cena, ia pensar que se tratava da final do brasileirão. Só tem uma palavra que define a "Massa": show!
Além de dar um espetáculo a parte, a torcida do Galo foi extremamente elegante e inteligente: em nenhum momento hostilizou os jogadores do time adversário. Pelo contrário, não faltaram aplausos e homenagens da torcida ao jogador Serginho, falecido recentemente dentro do campo de futebol. O jogador Euller foi ovacionado pela torcida do Atlético, e deixou o campo de jogo profundamente emocionado.
Os gritos da "Massa" para seus jogadores fizeram com que até mesmo aqueles mais apáticos, mais apagados, corressem como nunca. Se faltou técnica, futebol, sobrou disposição.
Tudo isso foi o suficiente para uma vitória de 3 x 0, que livrou o Atlético Mineiro do vergonhoso rebaixamento para a Segunda Divisão do campeonato brasileiro.
Incrível como a torcida do Galo se contenta com pouco... depois do terceiro gol, olhei para o lado e vi pessoas chorando, se abraçando, felizes, mesmo com tão pouco, mesmo com o time disputando uma vaga para permanecer na primeira divisão. Se fosse uma disputa de título, então...
Uma torcida dessas, com um time melhorzinho... aí ninguém segura a gente...


domingo, dezembro 19, 2004

 

Sou Atleticano, e não desisto nunca


Pois é. Hoje vou ao Mineirão. Eu e pelo visto, no mínimo mais 50.000 pessoas. Fanáticos.
Um time igual ao Atlético Mineiro, carinhosamente chamado de "Galo", que tem uma torcida fanática como essa, merecia melhor sorte. Sorte não. Devia ser mais competente. Aliás, uma torcida igual a que o "Galo" tem, merecia melhor time.
Os atleticanos são muito diferentes dos cruzeirenses, acostumados a ir ao estádio para ver grandes disputas, finais, títulos. Quando a maré está ruim, abandonam o time, somem do campo.

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Pense numa torcida fanática. Qualquer uma. A do Corínthians? Somos mais. Primeiro, nosso jejum de títulos é maior (não estou falando do mineiro, somos os maiores vencedores, mas esse não conta mais). Campeão brasileiro de 71. E depois? Falo de títulos de verdade. Mas nem isso serve para nos afastar do campo. Basta uma vitoriazinha, uma sequenciazinha mais ou menos, e estamos todos lá, lotando o Mineirão como de costume. "Fiel"? Não chega perto. Mas aí temos um ponto em comum. A torcida do Corínthians é a "Fiel". Nós, torcedores do "Galo", somos a "Massa". Nenhuma outra torcida no Brasil tem nome próprio, identidade própria, exceto a "Fiel" e a "Massa".
Hoje, vamos cumprir nossa sina. Vamos lotar o Mineirão, como sempre. Torcer como nunca, gritar, xingar e rezar para que o "Galo" vença o São Caetano. Ou mesmo que perca, ainda dê a sorte de se manter na primeira divisão. Tinha prometido pra mim mesmo que não ia pro estádio ajudar esse time sem-vergonha. Não tem jeito. Sou muito mais sem-vergonha do que ele.


quinta-feira, dezembro 16, 2004

 

Millau


Podem acreditar, é uma ponte. A mais alta do mundo. E se chama Millau.
Localizada no sul da França, tem 343 metros de altura.

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A imagem é tão linda que fico a pensar: é mesmo de verdade?


segunda-feira, dezembro 13, 2004

 

Pinóquio e o Déficit Zero

Recentemente, o governo de Minas divulgou em todos os grandes jornais mineiros e brasileiros, o tão almejado "déficit zero" no Estado. No jornal "Estado de Minas" (que se transformou em um editorial do governo) a matéria teve grande destaque, com aplausos e ovações ao governo mineiro.
Documento recente, assinado por diversas entidades sindicais mineiras e pelo bloco do PT/PCdoB da Assembléia de Minas, mostra que as coisas não são como parecem, ou como querem nos fazer acreditar o sr. Aécio Neves e o "Estado de Minas".
Detalhes que fizeram a diferença e contribuíram para o "déficit zero": 0% de aumento salarial de professores e servidores, nenhum centavo de investimento nas estradas de Minas (estradas não, buracos disfarçados de estrada), zero de investimento na recuperação das bacias hidrográficas do Estado, 25 mil reais investidos na revitalização do rio São Francisco (eram previstos 10 milhões de reais), investimento insuficiente na UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e na FAPEMIG (pesquisa).
Assim fica fácil alardear o déficit zero, escondendo um monte de coisas embaixo do tapete. Enquanto isso, mais de 35 milhões de reais já foram gastos em propaganda, como agora em nível nacional.
Em Minas, jornalistas e veículos de imprensa são "censurados" pelo governo Aécio, que pressiona e "pune" jornalistas que mostram as falhas do governo. Recentemente, como já havia sido denunciado aqui, o professor e jornalista do "Estado de Minas" Fernando Massote teve sua coluna semanal suspensa e foi posteriormente desligado do jornal. Motivo: críticas sistemáticas ao governo Aécio Neves.
Tradução de déficit zero em Minas: salários congelados, falta de investimentos em infra-estrutura, educação e pesquisa, meio ambiente abandonado. Assim fica fácil.

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